VIDA EM PINGOS AMARELOS E ROSAS - O TEMPO PASSA.

Como amazonense, as águas adquirem o poder de explicar o tempo que corre.

O rio nasce da pedra rachada na raiz da terra. Cada gota que mina, vai se agregando e formando poças e filetes, embaixo dos pés, e lençóis . E a chuva fina das nuvens pesadas sobre a cabeça. Batem no chão em pingos insistentes e correm das grotas, permanentemente.

Essas imagens nos retratam a vida que acontece no passar dos instantes.

Noutro dia, encontrei no Parque Municipal dos Idosos, duas espécies de plantas, por assim dizer, em gotas. Uma rosada como trepadeira miúda, e outra , em arvoredo, tecendo cachos de brincos amarelos.

No nascente e no poente, vou ao parque contemplar os passantes que desejam encurtar o tempo e envelhecer com saúde, prolongando o viver que segue , sem contar os dias e as dores.

"Velhice não é doença", declaramos, em oposição, à OMS (Organização Mundial da Saúde) que provavelmente luta pela medicalizacão da vida em favor das farmacêuticas mundiais.

Como o rio da vida que nasce, correndo com suas gotas rosas em dias difíceis! Ou, cortando o chão em gotas amarelas no clarão do sol. Todas, porém, parecem solidificar-se em cuidados desde antes da Primeira Infância, esta decisiva época para saúde da vida inteira.

As flores em pingos que, de manhã nascem e à tardinha fenecem e ficam secas, nos mostram a fragilidade da vida e o habitat de afeto que devemos revestir todos os dias, em vista da continuidade do desenvolvimento e valorização.

A velhice é "kairós” porque é a experiência que não passa, quando alicerçada na esperança fundamental do sentido da vida. Esta agrega-se à identidade do EU pessoal, revelando-se superior aos momentos que escaparam do caminho pré-determinado a morrer. É o TEMPO de Deus Criador que retém o "cronos" da criatura. As memórias dos Idosos precisam se situar na linha da Gratuidade da vida, acreditada como DOM DE DEUS, que cresce e vai relevando nos passos caminhados, o Senhor de todos os Tempos.

Idades, envelhecimentos, juventudes, saudades, saúde, solidão e solidariedade na vida, tudo é brevidade, como dizia Santo Agostinho, "vita brevis est". (NP - 13.07.21)