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VAGALUMES EM IMAGENS INFANTIS - INCÊNDIO DE FÉ E DE ESPERANÇA.

  • Foto do escritor: peixotonelson
    peixotonelson
  • 24 de jun. de 2023
  • 3 min de leitura

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As rosas me feriram, quando era pequeno. Sempre me falaram com carinho, antes de perfumarem. Desbrochavam, mas não iluminavam. Quanto mais sol pegassem, floresciam gratuitamente. Concheci também luzes coloridas nos frisos dos altares da Igreja de N.S. do Rosário, em Itacoatiara, AM. Eram chamas, dentro de copos pequenos de vidro, igual rosas dançantes. Essas, porém, iluminavam e não me feriam.


A festa do Rosário era a mais falante do mundo e mais cativante para todas as crianças, que ficavam fissuradas com aqueles "vagalumes inteligentes". Imaginava e me perguntava: Será que tinham subido nas paredes e pousado, lá nos altos, para acenar aos devotos e curiosos, durante o novenário da Mãe do Rosário?


A proximidade daquelas luzes, de tanto olhar, quase entravam nos olhos das crianças. Eram para nós vagalumes, vibrando de calor, coloridas línguas de fogo, dando sinal para não ficarmos quietos. Mesmo assim, esperávamos que viessem pousar nas nossas cabeças, tal como o relato da vinda do Espirito Santo, a fim de afastar os medos.


Tudo era muito real, ao redor e dentro das crianças do meu tempo. Meu tio era o padre e minhas tias devotas que me levavam, à tiracolo, para rezar diante das luzes. No fim das noites, a Benção do Santíssimo com o "Boa noite, Meu Jesus" me fazia cochilar ternamente nos braços de Nossa Senhora do Rosário. Mas nem todas as noites era assim. Acreditávamos que o Menino Jesus podia descer dos braços da Mãe e vir brincar conosco.


Brincávamos ao redor da Igreja, corríamos loucamente, entrando e saindo pelas portas, aguardando o fim da novena para chegar a hora do arraial. Cada coisa, naquele jardim de oração, parecia um canteiro de rosas. Era tempo do Rosário, da alegria e correria.


Minha imaginação flutuava entre o céu e terra, à luz das velas e à luz do sol do dia seguinte. Não havia lâmpadas led, nem pisca-pisca dos natais na cidade grande. A criatividade dos decoradores da igreja era singelamente linda.


Copinhos de vidro, papel celofane revestindo-os, metade de água e. por cima, uns dedos de óleo de cozinha, onde flutuava uma rodinha de cortiça, tendo um fio de algodão que seria como pavio para tremular apressado.


Voltávamos para casa, no escuro. À frente, o rio caudaloso, uma e outra luz, ao longe, sinalizava que havia gente enfrentando as corredeiras e o famoso remanso do rio perigoso. Não havia cachoeira, mas havia uma lágrima dos olhos de um velhinho saudoso, que se lembrava de tudo, como era no seu tempo.


O sonho que ele me contou contrastava os dois tempos de sua história de vida. Ele foi meu companheiro de andar de bicicleta e de fazer piruetas nas ruas. Contou-me o sonho, que sinceramente , não sei se foi somente dele ou de todas as crianças daquele tempo.

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"A Comunidade do Rosário fazia uma festa, no templo e fora dele. Não se repetiam mais as luzes, no alto dos altares, mas havia lâmpadas fortes que cegavam quem olhasse para elas. Não me conformei de ficar ali parado e de olho fehado. Saí e fui à beira do barranco alimentar minha fé.


Lá, vi outra decoração da festa, feita de cuias cortadas ao meio que navegavam no rio e rodavam no rebojo, conduzindo uma chama dentro dela, mas sem se apagar com o vento rasteiro do rio. Depois de algum tempo, testemunhei a fuga das cuias iluminadas, indo cada uma numa direção diferente".


Pensei na Igreja de Jesus que acontece também fora dos templos. Chama que anda pelas casas, cria comunidades ribeirinhas e chama mais pessoas para aceder a fogueira da fé e da esperança. Também pensei na vida que rodopia para todos nós. Dos pés à cabeça, somos andantes desta vida, descobrindo no caminho as voltas e as revoltas que precisamos fazer para acertar o rumo. Clarões que chegam, relâmpagos que passam e o barulho que estronda em noites escuras no rio da vida que não pára de correr.


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Hoje, depois de anos a experimentar idas e vindas, paradas e estações, somos chamados para decidir se preferimos relâmpagos incendiários ou a tênue luz de um vagalume.


Voltamos a pensar como crianças as coisas sabidas de nossa fé, com a singeleza das chamas penduradas nos altares. Sem precisar de muita argumentação ou raciocínios teológicos para justificar nossa fé, vamos ficando agradecidos com as revelações do Coração de Jesus.


Soa para nós o que Jesus dissera em oração para o Pai: " Naquela ocasião, Jesus disse: “Eu te louvo, Pai, Senhor dos céus e da terra, porque escondestes estas coisas dos sábios e cultos, e as revelastes aos pequeninos. Sim, Pai, pois assim foi do teu agrado. (Mateus, 11:25)


Rosas no começo da vida, com luzes pequenas sempre brihando, brincadeiras na infância e semeadura alegre e confiante da ESPERANÇA de vermos um dia o rosto de Deus e abraçarmos Jesus.

(NP)




 
 
 

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