UM MUNDO DAS ÁGUAS É MELHOR DO QUE UM "INFERNO" VERDE.
- peixotonelson
- 6 de ago. de 2022
- 3 min de leitura

Por mais assustador que seja para quem crê nos mistérios da floresta e tem medo de surpresas com os olhares ferozes de animais em autodefesa, contestamos referir-se à Amazônia como "Inferno Verde". Vamos serenar os olhos diante das águas!
Tenho um amigo apaixonado pelos rios e lagos por onde viveu como missionário, que prefere anunciar o Amazonas como "mundo maravilhoso das águas". Soa mais poético dizer assim e até mais fácil para atribuir aos rios caudalosos o lema da Congregação do Santíssimo Redentor, fundado por Santo Afonso Maria de Liguori.
No último dia 1⁰ de agosto, dia de celebrar este Santo, proclamamos que "em Jesus é Copiosa a Redenção". (APUD EUM COPIOSA REDEMPTIO)..Abundância exagerada e louca de amor pela Humanidade, como escreve o Santo.. Manancial de Águas que tudo alcança, lava, abastece, cura, fecunda e germina o mundo sonhado e trabalhado também por nós, como continuação da Obra de Jesus.
O Inferno Verde contrasta com o Mundo das Águas. Melhor assim, ver o manancial das corredeiras nas enchentes, chegando bem longe, na floresta baixa das várzeas, convidando os pássaros para cantar e os peixes para procriar e matar a fome, que para os primeiros cristãos, o desenho de um peixe era profissão de fé.
Peixe ou "ICTUS" (em grego) - são as iniciais de "JESUS CRISTO, FILHO DE DEUS SALVADOR/REDENTOR", levado pelos seguidores de Santo Afonso, quando navegavam pelos rios e lagos. Simbolismo vivo e salutar de águas curativas e refrescantes, onde mergulhados na fé no Deus vivo, matamos a sede e a fome de justiça, povoando as margens dos rios em pequenas comunidades.
Se, em algum dia, a floresta chamou mais atenção, a ponto de chamá-la de Inferno, devido ao calor, hoje as águas equilibram e evocam a espiritualidade redentorista bem mais em sintonia com o salmista.
A redenção é abundante porque nos liberta do pecado do mundo e de todos os seus efeitos, mas também, porque nos dá uma nova vida em Cristo que emergiu das águas do nosso batismo. Isso é expresso por Afonso no versículo 7 do Salmo 129" , quando inspirou-se junto a Maria Celeste Crostarosa na fundação da Congregação e no início da missão redentorista, para viver entre os "cabreiros abandonados das montanhas". No caso amazônico, nas margens dos rios e dentro da floresta, nas periferias da cidade e lugares distantes.

No livro "Segredo Redentor dos Rios" (Aventuras de um Missionário Caboclo), meu livro de memórias (Editora Alta Performance, 2021), trago descobertas e vivências eclesiais de missão em pequenas comunidades, nucleadas à margem de rios caudalosos.
No dizer de uma amiga que mergulhou nas mesmas águas, assim escreveu: "Meu Deus! Impressionante a realidade que existiu por trás de contos tão bonitos vividos sobre os rios! É como a vida do povo de Deus! Às vezes, dura, cruel mesmo como a fome e a sede no deserto, mas, às vezes, alegre como o vinho novo e uma fonte aberta na pedra sob o cajado de Moisés! Bom para sonhar e reeditar a vida sobre as ondas e o vento do Espírito Santo nas tempestades".
O "Segredo" foi iluminado pelo meu professor teólogo de velhos tempos: "Parabéns, caro amigo. O estilo vivo cheio de vida que deixa sentir a alma missionária, como você escreve e viveu cada braçada dessas memórias nos rios. Seu estilo combina humor e profundidade espiritual. Aquela missa em cima da mala sobre os joelhos fala ao coração da gente!"
E aquele mergulho na fé dos pequenos é a Memória Viva que nunca esquecemos e renovamos em cada dia 1⁰ de agosto.











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