UM AMIGO INVISÍVEL E PRESENTE... CONVERSAS, QUIETUDE E SILÊNCIO
- peixotonelson
- 2 de ago. de 2024
- 3 min de leitura
Uma amiga que modela sorrisos e faz os dentes brilhar, contou-me um segredo que em nada me surpreendeu. Ora, acredito "na pureza das crianças onde a vida é bonita" e toda a imaginação, que povoa a mente de uma crianças é graça, benção, presença e afeto, bem-aventuranças e sonhos. Não há meritocracia, nem privilégio ou recursos para comprar amigos ou chamá-los para perto. Soube de muitos que dialogavam com seus anjos quando eram crianças. Sempre me perguntava: por que só quando pequenos?
A amiga desta história tinha uma fertilidade nos seus pensamentos de fazer inveja e de conduzi-la aos céus azuis, às florestas molhadas e às águas cristalinas de uma chácara, cheias de peixes e de borbulhas coloridas. Nem precisava usar sabão e nem canudinho de galhos delicados de mamoeiros para o vento levar ao céu ou espocar no chão. Sua mágica do pensamento vinha do fundo do seu interior que eu acredito como comunicação do Amor presente de DEUS na intimidade do coração. Com 2 a 3 anos, ela já transformava pensamentos em conversa gentil e amistosa. Era uma forma de piedade alegre que, em família , "aparecia" como personagem invisível, um amigo fiel de muitas horas.
Contou-me que sua mãe ficava de orelha em pé com esse fato. Mas por que será que se importunava com o amigo invisível de sua filha? Conforme o contexto descrito por minha amiga, posso entender que sua filha precisava da quietude para elaborar seus pensamentos, desenvolver seus neurônios e de gente que desse atenção especial para seus pensamentos em diálogo, que a ouvissem e que expressassem os pensamentos infantis.
Ela me relatou o contexto em que acontecia seu encontro com o anjo, seu amigo invisível que era capaz de entender e trocar ideias. Diria aqui, que o diálogo era um dueto que acontecia consigo mesmo, um tipo de pergunta e resposta de si para si mesma. Uma forma de diálogo interno coordenado pela presença amorosa de Deus que segundo o Profeta Elias se manifestava na brisa mansa.
“Então veio um vento fortíssimo que separou os montes e esmigalhou as rochas diante do Senhor, mas o Senhor não estava no vento. Depois do vento houve um terremoto, mas o Senhor não estava no terremoto. 12 Depois do terremoto houve um fogo, mas o Senhor não estava nele. E depois do fogo houve o murmúrio de uma brisa suave," (1 Reis 19, 11 e 12.) e foi quando sentiu Deus.
Relato da minha amiga:
“Nossa, era tão pequena. Morava numa chácara em Espírito Santo do Pinhal, há 20 minutos de Mogi-Guaçu, SP, que faz divisa com o estado de Minas Gerais. Nasci nesta cidade, que era somente Pinhal, hoje chamada de Santo Antônio do Pinhal, vizinha de Campos de Jordão, SP, sendo descendentes de italianos, que vieram para esta região, em grande número, a fim de trabalhar na lavoura. Meus parentes paternos foram adquirindo terras.
Eu nasci nesta chácara, e era a caçula e única mulher, no meio de três famílias, vivendo todos juntos: minha família, a da minha tia e meus avós. Só por Deus, com tanto barulho e eu sentindo falta de quietude. Confesso que tinha muita confusão e falatório constante. Você sabe como são ositalianos!.
Descrevo o amigo invisível, que era um homem como meus irmãos, eu me lembro, mas não sei o nome, pois conversava comigo o dia todo, principalmente quando começavam as confusões. Lembro-me que eu entrava debaixo da cama dos meus pais e ali ficava na prosa. Provavelmente me distraía nas horas das brigas e das conversas altas"..
Na troca de mensagens por whatsApp comigo, eu dei o seguinte retorno a sua história: “Sim. Deus faz-se presente do jeito que Ele quer. E na linguagem imaginativa das crianças Deus se revela na simplicidade da vida cotidiana em família e em comunidade. Com certeza, respondo, já era tua oração com DEUS que acontecia daquele jeito. São Paulo escreveu que o Espírito Santo reza em nós".
Ela me respondeu com profunda fé:
"Realmente, Deus sempre dá um jeito de falar conosco e de mostrar sua proximidade em nossa vida. Creio que todos nós temos experiências maravilhosas. Só lamentamos não dar importância e ter esquecido a experiência de Deus nas nossas Infâncias. Procure lembrar!"
Você foi dialogante com algum amigo quando era criança? Por que nao pode ser agora que é um adulto?
Sim, podemos conversar como amigo e crer no seu amor de Pai, revelado por Jesus nos tecidos da nossa vida, cheia de desafos, dores, esperanças e alegrias. Pensar em sua presença dentro de nós é a maior benção que não podemos desperdiçar. Deus se deixa encontrar nas situações inusitadas pelas quais passamos.
Obs. As fotos são da fotógrafa de Gisele B. Alfaia @giselealfaia













Comentários