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TIRO DE URUBU NÃO ESFRIA A FÉ – UMA CRÔNICA PARA RIR.

  • Foto do escritor: peixotonelson
    peixotonelson
  • 21 de jul. de 2022
  • 3 min de leitura

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Era uma viagem missionária cheia de imprevistos climáticos e pesados para a intrepidez da equipe pastoral dos rios. Era a vez do roteiro de viagem pelas comunidades do Rio Copeá, Am.

Imaginem as temporadas de chuva forte, com vento jogando o barco nos galhos das beiradas, motor falhando, bateria do arranque descarregada, a bomba não dando conta de jogar a água do convés, rancho da viagem esquecido no porto, e sabe lá que mais engrossando o caldo dos obstáculos.

Até que fizemos uma preparação básica, confiando demais na experiência e a expectativa mínima de algo acontecer fora do padrão de normalidade, que nos presenteava de surpresas pequenas de outras maiores acontecendo só na nossa imaginação. Aproveitávamos a melodia da chuva no toldo do barco, para contar estórias, casos e mentiras inocentes e gargalhar.

Certa vez, a hélice do barco estava com capim enrolado nas palhetas não podendo dar a marcha ré e nem virar o leme. E agora? Viagem perdida, povo esperando nos barrancos e a chuva caindo! Adormeci e sonhei o que relato:

O jeito era tirar pelo "par ou ímpar" para ver a sorte de quem ia mergulhar e tirar o capim das palhetas. No sonho caiu a sorte para mim. Mais do que depressa, aprontei-me para mergulhar, tomei uma dose de cachaça para não ter frio e pus a faca entre os dentes. Pulei na água e me acordei com os punhos da rede nos dentes. Contei o sonho e fomos completando. Agora vem a hora que disseram ser mentira. Confirmei.


Aconteceu que uma cobra sucuri estava enrolada na hélice e me deu uma volta na cintura. Prendeu meu braço esquerdo e começou a me apertar e jogar água pelo nariz. Mais do que depressa, lembrei-me do velho tempo em que pulava no rio com meus amigos. Empurrei meus dois dedos em forma de V no nariz do animal. Ela começou a afrouxar meu corpo e saiu esturrando. Livrei-me da cobra e sai como herói.

Com essa história, meus amigos de viagem queriam contar suas aventuras na floresta, porque na água e no sonho fui imbatível.


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A viagem missionária prosseguiu no chão aquoso da realidade. Contratempos pequenos nos atiçavam a confiança para não desanimar. Certamente, ficamos sem gasolina e precisamos comprar bem mais caro nos postos flutuantes.


Alguns hábitos recreativos descobrimos nessa peleja. Sem pressa febril de chegar na comunidade para começar os trabalhos, aprendemos a amarrar o barco no monte de capim flutuante, desligar o motor e ir baixando pela correnteza até aproximar-se da comunidade que nos esperava.

O balanço geral desse roteiro de viagem pelo Rio Copeá ganhou o prêmio de desacertos, apesar das coisas bonitas que aconteceram. Entretanto, na brincadeira, nosso olhar pessimista funcionou como filtro da nossa percepção que focava atenção apenas diante do que não dava certo.

A viagem chega ao fim, chegando de volta para a cidade, no meio da noite e todos nós exaustos. Comprometi levar o amigo Asa Branca que morava mais longe. Peguei a moto e saí com ele, apressadamente, na direção do Bairro de Santo Afonso.

Aconteceu o ponto final da viagem "sortuda". Ao passar debaixo de pequeno seringal, à 30 metros da casa do meu amigo, sentimos uma rajada morna nas nossas cabeças. Gritei "ganhamos o prêmio!". Um urubu tinha feito pontaria com a metralhadora e acertado os alvos duplos da vitória.

Na fé, agradecemos a Deus e compreendemos que tudo pode acontecer para tirar uma mensagem. Lembramos São Paulo e chegamos em nossas casas:

"Por isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento (1Cor. 3,6).

 
 
 

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