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TARCÍSIO E MARINA- IDOSOS NA GERAÇÃO DAS MENINAS LEITORAS.

  • Foto do escritor: peixotonelson
    peixotonelson
  • 11 de fev. de 2023
  • 3 min de leitura

Atualizado: 12 de fev. de 2023


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Eu atravessava o igarapé do Espírito Santo, que levava ao outro lado da cidade de Coari, Amazonas, na década dos anos 70. Naquele tempo, um bairro novo se formava por onde eu andava de olhos atentos para quem me olhasse, para sinalizar boas-vindas. Na primeira ida ao local, pousei os olhos num cearense que chegara da zona ribeirinha do município, de um lugar chamado Baracari, duas horas abaixo no rio Solimões. Lá, fez seu sítio e onde nasceram suas duas amáveis filhas: Sandra e Solange. Dona Marina era sua esposa amazonense, de grande ternura e cooperação com o marido. Ela ficava na cidade com as filhas que estudavam, aprendiam a folhear livros e ler histórias.


Forço uma relação às avessas do romance do australiano Marcus Zusac, "A Menina que Roubava Livros', uma ficção juvenil e histórica, de 2005. Então, se no romance a menina adotada aprendia a ler livros no porão da casa com o pai, na Alemanha nazista, aqui escrevo sobre as duas irmãs que aprendem a ler e a descobrir o mundo sem o espectro da perseguição aos judeus. Enquanto o diálogo do romance de ZUSAC se passa com a morte, as filhas do Tarcísio dialogam com a vida e se desenvolvem aprendendo vencer a pobreza, através dos estudos e da leitura constante.


Essa família abriu um pequeno comércio onde Marina vendia as frutas que o Sr. Tarcísio cultivava. Ele passava dias e dias no interior, cuidando de suas plantações. Juta e mandioca ocupavam seus dias e calejavam suas mãos. Trazia frutas e legumes para fortalecer a saúde das filhas, que sempre estavam com algum livro nas mãos, contrastando com a geração que preferia a luz efêmera da televisão. Elas não compunham a parcela da geração que não se interessava por livros.


A propriedade de terra, à margem do Rio Solimões, tornou-se Santa Maria do Baracari, onde visitei por bom tempo, criando uma comunidade de fé com a liderança do próprio Sr. Tarcísio. Na cidade, foram longas as conversas com ele e a Marina, que sempre tinham um cafezinho para brindar a nossa amizade. Suas filhas cresceram felizes com o amor do pai, atenção da mãe e livros por perto. Foram estudiosas e de bem com a vida, cumprindo assim o sonho do pai de vê-las estudar, motivo que as trouxe para a cidade.

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Pensando bem, ficamos tristes com o pouco interesse de gente grande que perdeu a vontade ou nunca se habituou do mundo fantasioso que a leitura traz e faz acontecer. Para as filhas do Sr. Tarcísio e da Marina, o maior investimento que deixaram foi o progresso e o hábito da leitura. Certo estou que, desde pequenas, seus pais leram histórias para elas. Dizem os cientistas da pedagogia que aqui está o segredo: ler histórias para os filhos. Quem quiser mudar a qualidade da educação e o bem-estar dos filhos, quando forem adultos, faça isso.

Hoje, cinquenta anos depois, Marina está no céu, ao lado de Santa Maria, que intercede por seu velho companheiro viúvo, que, cheio de fé, aguarda a vontade de Deus e um final feliz de homem pleno da graça de Deus.


Tarcísio, um nome de um santo menino dos tempos romanos de perseguição aos cristãos. Levava a Eucaristia aos presos que seriam os próximos mártires, sem medir os riscos que passava devido a sua fé. Seu heroísmo por amor a Jesus, Pão da Vida, nunca cessou e nos ensinou a ter outros fomes e a dar de comer. O nosso Tarcísio também alimentou a vida cristã da família que criou junto da Marina e aprendeu a dar de comer aos necessitados.


Para quem ainda não chegou a informação, o tema da Campanha da Fraternidade deste ano de 2023 é o seguinte:

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Com a publicação do meu livro “VIVER CRIATIVO DE INFANTES E SÁBIOS NO CORAÇÃO DA FAMÍLIA”, veio-me à memória a Sandra e a Solange, que se tornaram, entre tantas outras que conheci, leitoras aprendizes, porque viram seus pais e avós com o livro aberto nas mãos, alimento do espírito para sonhar com um mundo diferente, sem fome, sem fascismos, nazismos e perseguições.


Alguém me falou e eu sonhei. Está nascendo uma nova geração de leitores, porque a televisão está falindo e o WhatsApp está recheado de "fake news”. Sorri e acreditei que vamos redescobrir na literatura grandes obras que nos farão pensar e dar um espírito crítico contra a barbárie.


Santa Marina, padroeira dos leitores e de quem tem fome e sede de Justiça, rogai por nós!


Obs. Quem for educador em família ou em escola, avós ou pais que contam histórias e gostam de ler para filhos ou netos, comunique-se comigo. Receberão um livro de presente: 92 99379 5360.

 
 
 

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