SEMENTES E GALHOS - LINGUAGEM DO CORAÇÃO PELAS CRIANÇAS QUE NASCEM NESTE MUNDO DE DEUS.

Examinando a história de cada um de nós, por analogia, recorro à vida ribeirinha e rural. Assim, voltamos a sentir algo de idílico ou paradisíaco, em contraste às violências do mundo urbano. Daí, vem o desejo imenso de ver o mundo recriado, sem miséria, sem males e sem a negação de Direitos. Atravessando o tempo e acumulando os anos, as saudades não morrem em nós. Também identifico sinais de mundo novo nas experiências do trabalho desenvolvido por mim, durante por 26 anos, nas Aldeias Infantis SOS Brasil.

O tempo de Natal sempre foi intensamente festejado pelas crianças e suas famílias, tal como foi a alegria dos pastores, segundo o relato no evangelho de Lucas, quando do anúncio de que Jesus tinha nascido, ali por perto, numa palhoça, onde carneiros e cabras passavam a noite.

De verdade, o primeiro natal na VILA ou na ALDEIA SOS, foi a intuição de alguém que queria recriar um lugar de proteção e refúgio para as crianças em consequência da guerra, no final dos anos 40.

A experiência de projetar um paraíso em convivência humana, nos faz pensar que podemos ser SEMENTES E GALHOS de um mundo novo. Com Jesus, o primeiro Natal, assim acontecera para florescer desde o ventre Imaculado de Maria até a certeza da Ressurreição, encontramos motivos de todas as festas e da alegria da vida.

Além de ser semente de uma nova sociedade, somos também galhos frágeis que não podem ser quebrados. A experiência de Jesus e de tanta gente, conhecida e desconhecida, leva-nos a pensar em Hermann Gmeiner, o fundador das Aldeais Infantis SOS Brasil. A semente que ele plantou no chão árido do pós-guerra floresceu.

Celebrando neste Natal de 2022, depois de dois anos de meu desligamento oficial das Aldeias Infantis, recordo que muita gente, antes de mim, sentou no chão para arar a terra e mudar o deserto em terra de cultivo da proteção e cuidado de crianças e de suas famílias.

A experiência dos seguidores de Jesus e de Hermann Gmeiner, nos fazem entender que somos todos SEMEADORES do REINO, seja pela força contida nas palavras e nos gestos, seja pela seiva dos galhos que formavam as comunidades de fé e caridade, lideradas pelo exemplo de missionários e pioneiros das Aldeias SOS no Brasil.

Quanto às Aldeias Infantis, no Brasil (1967), a primeira Vila/Aldeia SOS não era uma árvore frondosa, mas sim um galho frágil em terra a ser arada com suor. E são dos galhos frágeis que se criam raízes com maior facilidade no chão sofrido da vida das famílias. Semear com galhos que se transformarão em árvores frondosas, com frutos e sementes abundantes.

Nós, agentes de transformação, líderes da plantação do Direito e da Justiça, instrumentalizados para o plantio, cultivo e acompanhamento dos frutos, estaremos ocupados em garantir boas sementes para reprodução da vida, lá onde a vida estiver em extinção devido a dramática situação de miséria.

Juntemos todas as frentes de lutas para realizar o SONHO DE DEUS! Vivamos a MISSÃO de SEMEADURA para a qual Jesus nos convocou com o seu nascimento nesse chão terrestre a fim de tornar a HUMANIDADE plena de amor.

O Natal é tempo de renovar a esperança que toda semente traz! Cantemos a certeza do verso bíblico:

"Da cepa, da estaca ou do galho brotou a rama, da rama nasceu a flor, da flor nasceu Maria, de Maria nasceu o Salvador"... e do Salvador nasceu a nossa vez de viver e servir.

FELIZ NATAL, andando nos caminhos da Justiça e do Direito, sem nos esquecermos dos momentos desafiadores, pois "Quem semeia com lágrimas e muito suor, colherá com risos e festas!"

Partilho com os amigos leitores que, neste Natal, vou ter nos braços minha primeira netinha, cujo livro publiquei, dedicando a ela e a todas as crianças que já conheci.

"Nasceu para nós uma menina, repete a Luzinete, a Silvia Luísa, o Nelson Víctor. Luís Neto e eu", desejando a todos um SANTO NATAL.