QUANDO OS PORTÕES DA IDADE SE ABREM, AINDA HÁ PASSOS POR VIR.
- peixotonelson
- 20 de jan. de 2024
- 3 min de leitura
"O portão abriu cessando a espera. Caminhos à frente, apressando o passo e retardando o cansaço. Há mais de um ano, as folhas das árvores acenavam aos passantes. O Parque Municipal do Idoso de Manaus reabriu a todos para caminhadas e outros projetos. Na ILPI (Instituição de Longa Permanência de Idosos), uma edificação em forma de capelinha já conservava as cinzas dos idosos que morreram na temporada da COVID-19". (Registro de quando comecei a conhecer as instalações da Fundação Dr. Thomas, em agosto de 2021).
Era a primeira vez que eu inaugurava a passos lentos e muita admiração entrando no Parque do Idoso. Meus olhos viram uma gruta do Sagrado Coração de Jesus. Tinha certeza que era para acelerar a fé e o sentido da vida que segue se encurtando e voltando até chegar a Deus, que é plenitude da vida.
Eu e o meu filho caminhávamos num dia de sábado, véspera do domingo do Bom Pastor, imagem bíblica e analogia perfeita que Jesus atribuiu a si para crermos que andar com Ele no caminho tem futuro feliz, mesmo se não quebrarmos todos os galhos e não tivermos forças suficientes para dar o salto. Mas aí é quando Ele nos carrega no ombro e nos premia com uma força extra nos músculos do corpo e na alma.
Adentrando, olhando e fotografando, imaginei que fora decisão política maravilhosa dos anos passados refundar a histórica Fundação Dr. Thomas, que abriga idosos e idosas, vítimas do abandono e da incapacidade de serem cuidados em família, independentemente de quais sejam as justificativas para colocá-los ali, até os últimos dias de vida.
A história conta do humanismo de um médico canadense que veio para Manaus lutar contra a febre amarela, em 1906. Trabalhou, ganhou dinheiro e fez o bem, deixando uma herança pública de cuidado. De início, tivera compaixão daqueles idosos pobres que viviam de medicância. Criou espaços de socorro e de serviços à saúde. Pegou pela mão os mais vulneráveis e organizou um modelo de "pastoreio" bem próximo ao de Jesus, com ações e atitudes valorosas de bem comum e de serviço público. Nos nossos dias, continua a acontecer esta experiência, inovada e dentro no marco jurídico do Estatuto da Pessoa Idosa.
"Creio na atração vocacional para o voluntariado que Deus desperta para darmos atenção aos que ali fazem uma moradia permanente", dizia para o meu filho. Nosso passeio carregava um sonho de muita gente que se desperta para a solidariedade. Tinha visões de voluntariado, acreditando nas possibilidades do presente, quando a sociedade descobrir a felicidade de servir com gratuidade.
Mais adiante vi um carro da Cruz Vermelha e o interesse foi despertado para ir até lá e conversar sobre o que estava acontecendo. Por alguns anos, o depósito desse serviço foi agregado às edificações do Parque do Idoso. Já estavam de mudança, mas um grupo de voluntários ia permanecer nas redondezas para os casos necessários de suporte a clamidades e sofrimentos. Lembrei das minhas andanças pelos becos próximos que são margeados pelo igarapé do Mindu. Nas grandes chuvas, deixa os moradores alagados e em desespero.
A Cruz Vermelha estava em retirada, mas eu me apresentei como a "Cruz Azul", que trazia como legado a minha experiência do tempo de Aldeias Infantis SOS Brasil, embora a serviço do começo da vida com crianças da Primeira Infância adiante, até alcançar às famílias. Era um novo tempo de minha vida. O sol brilhava em outros caminhos e eu me retirei feliz por estar presente naquele paraíso.
Por que não me dedicar ao envelhecimento saudável e atencioso aos que encontrar no caminho de minha vida de aposentado? Gostaria de começar a ver cruzes brancas da Paz como bandeiras habitando o coração da pessoa idosa e bandeiras agitadas nas mãos dos jovens dispostos a aprender a cuidar e servir. Gostaria de ver outras bandeiras tremulando nas moradias dos pobres sem riscos de enchentes.
Obs. A foto tem os créditos para Gisele B. Alfaia - @giselealfaia.
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