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PAIXÃO E AMOR DE UM PALHAÇO

  • Foto do escritor: peixotonelson
    peixotonelson
  • 3 de set. de 2022
  • 2 min de leitura

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Era um circo, cujo nome lembrava uma constelação de estrelas, em referência a uma lenda grega. Assim se chamava o gigante, excelente caçador, que segundo a maioria das versões, foi morto por engano, por uma flechada da deusa Ártemis que o amava. Como mito grego, serve para explicar histórias de amor, inveja, miséria e abandono que navegava sobre as superfícies dos mares e até em suas profundezas.

Assim posto, vou contar a história do palhaço que trabalhava, navegava e circulava pelos municípios do Amazonas. Era um palhaço de rua, homem simples, vivendo da graça e do riso, animando crianças e evocando as memórias dos idosos que voltavam à infância. As crianças corriam, atrás do palhaço colorido, em gritaria. Os velhos vinham espiar pelas janelas o alarido, ouvindo que naquela tarde haveria espetáculo.

Certa adolescente, no batente da casa, sentada, sonhava acordada: "Ah, se eu tivesse essa alegria maluca, ao lado dele, soltando os cabelos e brilhando ao sol, da cor da lua e vivendo a sorrir!" Ela sonhava em ser estrela do circo, brilhar no fim da tarde e adormecer sob risadas musicadas, pela voz do gigante risonho.

Aconteceu que o palhaço que coloria o seu sonho, ia e vinha, passando por sua cidade, às margens do rio. A imaginação corria solta e levava ao absurdo o seu delírio, virando paixão. Será que ele chegava navegando das nuvens ou das profundezas do rio, com seus mistérios de boto, ou vinha da floresta encantada das várzeas?

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Do porto da cidade à praça da montagem do circo, lá estava o gigante dos sonhos como trabalhador humilde e alegre, vivendo sozinho e ganhando pouco com sua graça.

A paixão é cega, o azedo vira doce e a dor vira esperança. A névoa do delírio vira brisa suave.

No fim daqueles dias do circo, a adolescente, de unhas pintadas, já tinha enfeitiçado o palhaço e acertado seguir com ele para a próxima cidade. A família da adolescente pouco pode intervir, diante da decisão audaciosa e férrea.


Nem despedidas, até porque o circo sempre por ali passaria. A vida, em turnos, ia e voltava a alegrar as crianças, divertir os idosos e encantar as adolescentes.

No ano seguinte, o circo está de volta à cidade. Agora, a família vai até o barco visitar a mulher do palhaço. Estava grávida, no fundo de uma rede, machucada pela pobreza, ao lado de um homem triste que tinha esgotado seu estoque de gargalhadas. Senso de realismo da vida dura dos palhaços! Sabia rir, enquanto, por dentro, chorava. Muitos fracassos e a miséria conspirando o amor. O palhaço segue, a Áurea fica e nasce sua filha que se chamará Amábile

. Reencontram-se no hospital. O marido não resiste e morre no apagão das estrelas que o Circo prometeu e não cumpriu. Áurea aprendeu a sorrir na saudade e olhar para o céu estrelado, conversar com o marido que sua filha vai honrar com o nome que herdou. Será Amábile para sempre, como Jesus fazendo o bem e vingando a miséria e ensinando a alegria do Evangelho.

Rezo com a família da Amábile o versículo 11, do Salmo 30. "Tu mudaste o meu choro em dança alegre, afastaste de mim a tristeza e me cercaste de alegria sem fim".


 
 
 

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