O MENINO VIDENTE E O IDOSO CONFIANTE
- peixotonelson
- 16 de jul. de 2022
- 3 min de leitura

A rua se chamava São José e o bairro também, na zona Leste de Manaus. Ali morava o único filho de um casal. Vida simples com vizinhança que se reunia e contava casos de visagens ou de almas penadas, suplicando oração. Não sei, se por medo, a conversa avançou na aparição de ladrões de galinhas que andavam pelos quintais.
Certa noite, o pai do menino pensou que trancara a porta. O filho, por acaso, descobriu que estava aberta. Fechou e, na manhã seguinte, disse para o pai que cuidaria da porta. Assim aconteceu, a partir de então.
Em uma noite de lua cheia, depois de muita conversa, quando na casa e na vizinhança tudo se aquietou, o menino esperto encontrou a porta fechada, mas estava sem a volta no trinco. Abriu os dois lados para ver a lua e admirar as nuvens brancas amontoadas no céu.
Contou-me que, naquela idade, apreciava a beleza do céu e as formas que o vento dava nas nuvens. Quando olhou para o céu, mais uma vez, viu um homem sentado numa cadeira e uma escada que descia. Ele tinha os cabelos pretos e um bigode feito. Sua roupa era como túnica que vinha desde o ombro até os pés. Uma faixa até a cintura e uma corda como cinturão. Estava sorrindo para o menino. Erguendo a mão direita, começou a chamá-lo. Olhou de novo e o gesto se repetiu.
Não suportando a visão e o chamado, apareceu o medo e gritou, entrando na casa, acordando o pai e contando que viu um homem chamando-o. Pai e filho foram até a porta, olharam o céu com as nuvens, a lua coberta. Restava nada mais do que visão impressa do sorriso do homem na alma daquele menino.

Dias mais tarde, o menino foi com os seus pais para a pequena Igreja de São José Operário, que ainda não era o atual Santuário, e cuidado pela Missão Salesiano de D. Bosco. Como os pais do menino ficaram à porta com velhos amigos que encontravam, voltou e apressou a mãe para entrar. Naquele momento, ao aproximar-se do altar, o menino reconhece o homem que lhe chamou na noite do céu estrelado. Era São José, trazendo alegria e não medo.
São José, outra vez, abriu o sorriso e piscou para ele. Voltou o medo e correu para segurar-se a saia da mãe, gritando e contando que era aquele homem do altar que aparecera para ele.
O menino cresce feliz, torna-se sucedido na vida, como traz o registro de sua história, mas com um final triste e inconformado com a situação atual. Seus olhos não estão mais voltados para o luar, mas o sorriso de São José não sai da memória. Hoje, já não tem mais medo, porque acredita no amor de Deus que São José lhe mostrou.
Ele terá que fazer uma escolha para voltar a ter saúde. Resolverá tornar sua história um belo romance de paixão a Deus que se mostrou amoroso e reservado a ele, desde pequeno e sonhador.
São Jose foi, ao longo da vida o seu protetor, teve muito trabalho e nunca relaxou. Mas, hoje, internado com outros idosos, está exigindo confiança para voltar a sorrir e cantar. Terá que deletar seu pessimismo, aceitar os limites da idade e do abrigo, da pobreza e da saúde, para ressuscitar sua esperança.
Pode escolher fazer dessa memória de São José sua reta final de beleza e de partilha de talentos entre seus companheiros de alojamento.
Chamar-se-á por mim de José Bento, e nos braços de São José dará as mãos para subir até Deus, Pai da Misericórdia e de Amor. Boa Notícia se revela para o José.
"Crer, confiar que tem muito a agradecer e a recordar com alegria, pois assim suas mágoas se transformarão em bênçãos e o sorriso como o de seu protetor S. José!" Basta obedecer!











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