O MAR DE ZÍNIAS - ONDAS FLORIDAS NA UNIÃO DAS DISCÓRDIAS
- peixotonelson
- 26 de mar. de 2022
- 3 min de leitura

Essa crônica faz parte do meu caminho das flores, que ornou meus últimos 7 anos e que eram meus amores de adolescente. Muito antes da linguagem dos girassóis, confesso que as zínias foram meu primeiro encanto. Elas foram plantadas ao lado do Capela da Santíssimo Redentor. Representavam o sonho de Paz e Amor em plena Guerra Fria e símbolo da resistência contra a Ditadura de 1964.
O cultivo acontecia junto com meu amigo Haroldo Jathay e outros cuidadores de jardins, no Seminário de Santíssimo Redentor, ao lado de Nossa Senhora da Paz, a quem consagramos a Humanidade ferida. Tempo distante e tempo presente, precedido pela minha coleção de papoulas com o Jacson Rodrigues e, mais tarde, a fase mais duradoura de fascinação pelas orquídeas, que encontrava nas matas à margem dos rios e igarapés, quando já era missionário redentorista.
O MAR das ZÍNIAS voltou em ondas, palpitando o coração, depois da geração dos girassóis gigantes que desnutriram a terra e nutriram minha imaginação para embelezar o mundo das crianças que circulavam perto de mim junto com as professoras e os pais. Já era um outro tempo marcado pela intolerância e pelo ódio suscitados na forma de fazer política. Na aridez arenosa de certa estradinha da Aldeia SOS, iniciei o plantio das zínias. Nada de mágica, simplesmente o que decidi fazer. Na preparação do solo, solicitei que o operador da máquina depositasse as sobras da terraplanagem no lugar que já minava em mim o desejo de ter um mar de zínias. Assim, aconteceu à margem da estrada principal que dava acesso às casas da Vila SOS. Cerquei com a madeira dos parques infantis desativados, que trouxeram alegria para as pernas das crianças.
Agora virariam margem do mar, onde plantaria nossas sementes de zínias multicores para ativar os pequenos com a beleza da criação. O sonho do mar em ondas tornou-se realidade, quando o vento do final do dia agitava as flores. Entretanto, antes de ondular, tinha servido de pouso carinhoso das borboletas, atraídas pelo néctar, com a responsabilidade da reprodução das sementes. Estas serviam, no tempo da Páscoa, para simbolizar a vida e o amor infinito do Ressuscitado que passou pela morte tenebrosa da Cruz, mas que saiu vitorioso para juntar-se a todos nós no oceano de sua Copiosa Redenção.
Não era o mar da Galileia, mas o lago florido da contemplação de todos os dias de sol e de chuva. O importante era o vento do seu Espírito, soprando o desejo de amar e de acertar os pés no caminho de Jesus.
Naqueles dias de zínias, não tínhamos as abelhas no terreno para competir com as borboletas. Elas, entretanto, se já tivessem as colmeias, seriam solidárias amigas das zínias e tornariam a polinização mais abundante. O mar das zínias secou e encheu-se de flores em várias estações. Descobri que, lentamente, de uma geração para outra, a diversidade multicor fundia as diferenças.

À primeira vista, parecia uma contradição evangélica o que era um diálogo genético de variedades. Com um olhar aprofundado, deu para entender S. Paulo, quando anunciou a vida de comunidade cristã na construção de um mundo fraternizado ao tornar-se profundamente humanizado e solidário :
"Nessa nova vida já não há diferença entre grego e judeu, circunciso e incircunciso, bárbaro e cita, escravo e livre, mas Cristo é tudo e está em todos". (Colossenses 3,11). Nem russo e nem ucraniano, ocidental e nem oriental.
Os mares conturbados pelos mísseis se converterão no oceano infinito do Amor de Deus, onde mergulharemos terna e eternamente, após a superação das guerras. Nossa ESPERANÇA !











Amei sua crônica Nelson Peixoto ,sua citação em Colossenses 3,11,depois da caminhada pelos floridos das 💐 nos mostram a superação pela fé e esperança de uma nova vida na eternidade junto ao Criador, onde não haverá mais guerras ,dores,tristezas e prantos.