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O IDOSO POR QUEM CHOREI, CULPA PASSADA PORQUE O REENCONTREI.

Gisele B. Alfaia   @giselealfaia
Gisele B. Alfaia @giselealfaia

Nos primeiros voos de amor missionário, inserindo-me em um bairro pobre, andava com fervor a visitar as casas, conhecer as famílias e com vontade de servir como amigo de todos. Queria vincular-me e dar significado à rotina de uma presença viva, junto às famílias e junto aos idosos. Talvez nesse tempo voltava a emergir em mim o amor aos idosos de minha infância, que hoje reedito aos 74 anos, através de histórias de vida, escutando e registrando o que me contam com toda a liberdade e autorização.


Naqueles distantes anos, minha meta era estabelecer relações afetivas e sempre estar em atitude de prontidão para servir. Tanto assim, que, em certa manhã, em andanças por ruas sujas e esburacadas, encontrei em uma família que cuidava de um velhinho adoentado e bem fraquinho. Era a segunda vez que eu o encontrava no fundo da rede de dormir e sugerira que o levassem para o hospital. Diante da dificuldade de transporte, ofereci levá-lo, e assim aconteceu. Senti-me feliz de ter ajudado e voltei à casa onde ele morava com a filha que o levou comigo para o hospital.


Corri para almoçar e descansar um pouco. Não consegui e resolvi retornar ao hospital. Algo estranho pairava no ar... quando recebi a notícia da morte do velhinho, provavelmente de choque anafilático. Ele estava sem sorriso, mas espelhava sua doçura que contrastava com o meu pesar, misturado com culpa ou responsabilidade por ter levado ao hospital.


Fui à casa dele noticiar a tristeza e lamentar o acontecido, pedindo perdão. Foi difícil encarar a situação, pois mil temores assaltavam-me na ocasião, diante de alguns olhares de desaprovação. Compreendi que amar tem seus riscos, assim como a prudência para nos acompanhar, mas nunca nos acovardar de ajudar alguém, nem que seja para escutar.

Dias depois, fiz uma viagem de barco pelos rios, dormi cansado e sonhei que brincava entre as nuvens em barcos velozes. Daí, vinha um velhinho de barba carregando a bandeira do Divino cantando este verso:


"Que o perdão seja sagrado,

Que a fé seja infinita

Que o homem seja livre,

Que a justiça sobreviva, ai, ai."


Quando acordei, eu vi um tronco de árvore à beira do rio e um casal de velhinhos que estavam amarrando a canoa. Depois, subiram aonde eu estava e me convidaram para ir até o seu barraco tomar um café com tapioca. Durante o percurso, ouvindo o som das remadas, fui-me sentindo aliviado e perdoado.


@giselealfaia
@giselealfaia

Amanhecera e pude contar com a presença do Espírito Santo de Deus, animando a vida e trazendo a vontade de amar como serviço e gratuidade.


Recordando esse fato de tantos anos, entendi que, na minha velhice, eu estaria com mil planos para dar atenção aos idosos e a ouvi-los.


Partilho, neste atual estágio da minha vida, o segundo projeto de escrever outro livro que contará mais histórias significativas e exemplares de idosos, particularmente aqueles que vivem nas residências de longa permanência (ILPI = Instituição de Longa Permanência para Idosos).


Pintura de Paula P. Leal


VOAR É PRECISO PARA ENCONTRAR NOVOS HORIZONTES DE JUSTIÇA!


ATENÇÃO AOS DIREITOS DOS IDOSOS, SEM MEDO DE INCORRER EM FALTA, E TER APOIO PARA REALIZAR ESSA MISSÃO! AMAR TEM SEUS RISCOS!

1 comentario


João do Espírito Santo Miranda
João do Espírito Santo Miranda
13 mar

Muito apropriada essa história

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