O CAMINHO SINALIZA QUE CHÃO É ALTAR E ÁRVORE MADEIRA DE CRUZ.

Uma experiência de amizade em movimento. Caminhada feita, lado a lado, com um amigo para ver ruínas à beira do rio, pretexto também para conhecer mais gente, valorizar os caminhantes que encontrássemos e conhecer a história do local.

Havia sede, mas não havia água potável por perto. Mesmo assim, meu amigo quis continuar a caminhada, pois disse que antes de atravessar a ponte, haveria água para beber. Ele sabia que passaríamos pela casa de um sobrinho de sua mãe e lá mataria a sede. O sol era forte e meu amigo não tinha tomado nenhuma dose de cachaça "camelinho". A sede vinha do dia anterior.

Passada a ponte de ferro, vendo águas carregando resíduos da cidade, deparamo-nos com uma árvore queimada no tronco que parecia um nicho de altar, enegrecida e cavada. Pedi para meu companheiro posicionar-se como um santo de igreja para fotografá-lo.

Seguimos. O chão que pisávamos, no passado, eram de edificações de atenção ao meio ambiente, a Sede da Secretaria de Desenvolvimento de Meio Ambiente de Manaus, transferida de lugar, devido ao transbordamento do rio (igarapé do Mindu), nas grandes chuvas.

Com meu amigo, disposto a andar, entramos na vereda e fomos observando as ruínas, chegando até a grande avenida, ao pé do viaduto. Conversamos que no local daria para criar porco, imaginando livremente projetos sociais para diminuir a pobreza de muitos moradores da vizinhança.

Conversamos sobre os caminhos andados por Jesus e o envio que fez para irem, dois a dois, anunciando o Reino. Imaginamos que, naquelas ruínas, muita gente circulou e muitos planos ficaram presos nas paredes, sem ire para o chão da vida da cidade. Nem o Rio Mindu, próximo dali, uns 30 metros, recebera uma atenção qualificada para se preservar. Triste chão de saudade dos planos que o esquecimento frustrou e crucifica os despossuídos.

Chamar o chão de sagrado, naquele lugar, seria um ato de fé em relação ao futuro, quando cada família tivesse o seu para melhorar a vida . Vimos grandes pedras, tiradas das lajes pelas escavadeiras que limparam o leito do rio, há alguns anos. Pedras que poderiam ser montadas em forma de altar e se tornarem sinal de comunhão e de esperança. O sagrado era a trilha que os passantes deixavam a fim de encurtar caminho e chegar mais cedo ao trabalho.

Admiração e espanto tomava conta de nós. Meu amigo, meio calado, mas muito disposto para me acompanhar, respondia minhas perguntas. Mas, precisávamos pegar o caminho de volta. Assim fizemos. Prometi que íamos tomar um guaraná mais adiante.

Aconteceu que um amigo dele, apareceu e perguntou pela primeira dose. Queixou-se que não tinha tomado nada ainda, e pediu que eu pagasse um "camelinho" para que tomássemos juntos. Precisei fazer longo discurso como justificativa para dizer não. A solução foi entregar duas latinhas de guaraná, agradecendo o companheiro de caminhada que se sentou na calçada.

Refletindo bem, prossegui, subindo a rua com os pensamentos que me chegavam à mente:

1. Jesus abriu o caminho, pisou nessa terra e disse que vamos encontrá-lo sempre a quem dermos um copo de água, acolhermos um migrante, visitarmos um preso e nos identificasse com os moradores de rua;

2. Identificou-se "EU sou o Caminho" e revelou o segredo para acertar os passos e ir ao Pai, possível somente através do amor fraterno.

3. Nossos pés, disse Jesus, devem percorrer os caminhos mais esquecidos do mundo, escondidos dentre as ilhas de bem-estar material e vazios de fraternidade.

4. Estar "em seu nome" no mundo é juntar-se em igreja de reunião, muito mais do que se posicionar lado a lado em templos das religiões.

Assim, fiel seremos por pertencer e tomar parte de seu projeto de bem-aventurança na contramão da publicidade do sucesso, garantido pela posse das coisas e pelo poder sobre pessoas.

Escolha a bem-aventurança do quarteto das declarações de FELICIDADE que você estiver mais próxima em identificação:

(Mateus 5)

“Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus;

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;

Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;”