NO VALE FLORIDO E NO ABISMO ESTAVAM OS BRAÇOS DA VOVÓ.
- peixotonelson
- 12 de ago. de 2023
- 3 min de leitura
Para a temporada do DIA DOS PAIS, em 2023, segue a história de avô, duas vezes pai, junto da vovó.

Entre os nomes de plantas medicinais, existem aquelas que se chamam, a partir de suas propriedades curativas , como o "capim santo", fazedoras de milagres, acalmando os corações atribulados e os estômagos embrulhados de dor. Um chá para cá e outro chá para lá, suavizando dores e tribulações físicas e emocionais.
Tenho um caso para contar e celebrar um feito de fé e de confiança de certo homem chamado Cidreira, nome igualmente de uma planta curativa, já comum tanto na floresta amazônica quanto no sertão baiano, embora sendo originária de outras partes do mundo.
Alguns chamam de capim-cidreira, com variações e combinações de propriedades, que precisam de "fervura" para se transformarem em cura e consolo na tribulação.
Vou narar uma prova de fogo que marcou a vida do Sr. Cidreira, baiano trabalhador de longa data, atualmente aposentado contemplativo do mar, mas também mobilizador do bem comum em sua cidade. Todos os dias, seus olhos estão observando as águas calmas e agitadas, assim como as necessidades dos mais frágeis da comunidade.
Quando aparece um novo amigo no seu pedaço de chão , vêm-lhe à memória a cena viva que repete com gratidão , entre lágrimas. Recorda de uma passagem inesquecível de sua vida , que ficou para sempre e para contar aos amigos que encontrar.
Na Bahia, já como avô trabalhador, tipo "faz tudo", tinha uma velha camioneta, cheia de ferramentas, que trafegava nas ruas das cidades e estradas, limpando poço, esgotando fossas, soldando portões de ferro e restaurando canaletas dos quintais e sítios.
Certa vez, levou o neto esperto, de 5 anos, para uma empreitada, num sítio distante. O Sr. Cidreira parou na estrada para perguntar onde ficava a moradia de um homem chamado Gabriel. Precisou sair do carro e dar passos na direção de uns homens que esperavam passar o caminhão que os levaria para o corte de cana.

Aconteceu que, nesse ínterim, brincando com os homens e rindo do ditado que "rapadura é doce, mas não é mole", o netinho que ficara dentro do carro, destravou o veículo que começou a se movimentar, na direção do abismo , que ficava do outro lado da estradinha. Sem tempo de correr para alcançar o carro que entrava no precipício, veio-lhe o gesto de ajoelhar-se e pedir a proteção da Mãe de Jesus.
Não apareceu o anjo Gabriel , nem ficou sabendo para onde os homens apontavam ser o sítio do outro Gabriel que procurava. Os homens apavorados com o incidente , começaram a correr e sem saber o que fazer, sem tempo de socorrer, apenas ficaram se assustando com as voltas que o veículo, virava e revirava no abismo.
O Seu Cidreira levantou-se do chão, sem limpar os joelhos e desceu ladeira abaixo, sendo acompanhado pelos homens cortadores de cana. Chegando lá, onde o carro se engatou nas pedras e nos paus, o menino sorrria enquanto o avô chorava em soluços.

O menininho perguntou: "por que você está chorando, *vovô*?
Uma mulher me pegou no colo e brincou comigo".
Nesse momento, chegavam lágrimas de gratidão e de confiança na maternidade protetora de Maria, que de tão bela e cheia de graça, chamamos de Perpétuo Socorro, Mãe do Amparo, Senhora dos Navegantes, dos Aflitos e tantas outras. São títulos de uma mesma mulher que é a MÃE DE DEUS E NOSSA.
O Sr. Cidreira a sentia tão Mãe no cuidado do neto que poderia chamá-la de Sant'Ana Protetora das Crianças nos vales floridos e não somente "gemendo e chrando neste vale de lágrimas" da Salve Rainha.
(NP)











Que história linda 👏🏻👏🏻👏🏻🥰