MEU CARINHO COM AS FLORES... UM CAMINHO
- peixotonelson
- 15 de jun. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 17 de jun. de 2021

Pequenos lírios do meu tempo de criança pareciam capins floridos. Fantasiava-me com eles na imaginação e examinava a cada dia os novos botões que se abriam. Depois, na casa de minha mãe, um círculo verde ao alto cruzava a meia divisão entre a sala de estar e a sala de refeição. Era uma trepadeira que chamavam de "jiboia" e que nem me metia medo por ser nome de cobra. Depois descobri que era uma planta protetora e de leve formato de coração verde e amarelo.
No seminário, onde estudei para ser padre, meu amor a plantas e flores se intensificou e me habituei a amá-las e a cuidar delas. Meu amigo Haroldo Jathay e outros cultivavam comigo fileiras de plantas e flores, revirando a terra, semeando e colhendo flores! Estes canteiros ficavam ao lado da Capela e serviam para enfeitar os altares, embora não me recorde de ter feito esse gesto como amor a Jesus e a Nossa Senhora. Foram muitos anos nessa tarefa e havia uma disputa velada para cada um tornar o seu canteiro o mais bonito.
No noviciado, meu trato com a terra foi o corte da grama, que anos mais tarde eu até brincava que as flores do capim também mereciam viver e não apenas gerar reclamações: "o mato está grande". A máquina elétrica de corte de grama dava uma gostosa sensação, um tipo de concentração que eu não via o tempo passar. Essa experiência eu fiz ao longo dos anos quando trabalhei nas Aldeias, tanto em Brasília quanto em Manaus.
No seminário maior, o D. Jacson era meu companheiro amante de flores. Construímos jardins, carregamos terra preta, tivemos vários tipos de papoulas e sempre ficamos atentos no caminho da faculdade, olhando os jardins e a imaginando como pegar mudas, seja de forma invasora ou pedinte.
Na vida missionária por rios e lagos, meu amor concentrou-se nas orquídeas, pelas quais desenvolvi uma grande paixão. Já escrevi muito sobre essa fase tão bonita da minha vida. Foi uma orquídea que encantou minha esposa antes de deixar o ministério. Minha irmã Ângela permitira que eu colhesse uma flor e me deu um pequenino vaso para colocá-la. Minha intenção silenciosa era oferecer a Luzinete para torná-la feliz e a mim por presenteá-la.

Ainda antes de casar, comecei a gostar de palmeiras, plantando mudas no jardim da nossa casa onde nasceram os nossos dois filhos. Silvia Luíza teve nome em referência ao evento do ECO 92 e a preservação do verde da floresta, assim como a luz que se projetava no mundo em termos de meio ambiente e sustentabilidade da floresta. Foi nessa espera do meu segundo filho, Nelson Victor, que fiz pequenas expedições ao lado do terreno onde depois foi construída a Aldeia SOS do Amazonas. Inclusive, na própria área da Aldeia, buscava terra preta que estava amontoada. E a vida seguiu até que eu, pela graça de Deus, fora escolhido para ser gestor das Aldeias Infantis SOS em Manaus. A fase em estágios de cultivação mais proposital deste caminho de amor às flores aconteceu na volta a Aldeia SOS de Manaus. Terra dura, pedrinhas de barro, na frente da casa que passei a morar. Suei muito e contei com apenados alternativos que prestavam serviço aos sábados. O objetivo era plantar girassóis. Conseguimos, alcançamos nas duas primeiras safras bons resultados. Belos, gigantes, com alguns pés alcançando 1,60 metros, compondo um campo de luz e fluorescência encantadora. Foi num dia de maio que, ao preparar a terra, fiquei sabendo da Páscoa do meu amigo George Nakamura. Certamente em Deus queria um mundo florido e cuidado.

A nova etapa de floração foi a área devastada e muito compactada pelos ônibus da empresa Ajuricaba, que eram guardados nesse lugar quando retornei. Com a ajuda aos sábados dos prestadores apenados, começamos a cavar formas variadas de canteiros: quadrado, retangular, imitando sandálias e peixe estilizado e finalmente um cálice ao lado da hóstia girassol.
Fomos dominando o espaço e, com a compra por R$ 1.000,00 de grama, transformamos aquele deserto num oásis verde com tanta beleza.
As crianças do CMEI HERMANN GMEINER, que leva o nome do fundador das Aldeias SOS no mundo, vizinho desse espaço verde, tornaram o lugar privilegiado de brincar e de amar a natureza, subir e descer aproveitando o parque novo que meus sobrinhos doaram na época da pandemia.
As flores e a beleza vão ficar impregnadas na alma dos amantes de flores. As crianças voltarão quando a covid-19 passar.
Estaremos a florescer onde formos plantados! Que assim seja com a confiança em quem criou as flores desse mundo. E nós seguiremos a preservá-las por amor à Vida e ao Criador!
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