MEU AMOR AOS LIVROS
- peixotonelson
- 30 de dez. de 2024
- 3 min de leitura
Livros e revistas com figuras para brincar de "é meu, é teu" folheando cada página. Assim foi uma das minhas iniciações com livros. Esse jogo acontecia depois da leitura do Malba Tahan que meu pai fazia conosco numa escuta atenta de cada palavra. Livros de oração, histórias de Santos, aprendizagem das respostas da missa em latim fizeram parte do encanto e das descobertas contidas nos livros com as palavras que fervilhavam na
s nossas cabeças mágicas de criança.
No seminário consolidamos a leitura do mundo nos devocionários, nos romances e na literatura disponível na biblioteca.
Meu drama com os livros e revistas aconteceu em 1971. Precisávamos jogar fora alguns. Sentia uma dor que até hoje surge quando vejo livros e revistas postos para a reciclagem.
Foi assim o dr
ama. Houve a venda do Convento Redentorista em Manaus. Duas bibliotecas nos segundo e terceiro andar situavam-se na esquina do corredor de acesso aos quartos e de frente à capela e à sala de convivência fraterna.

Meu amigo Nonato Souza e eu nos encarregamos de selecionar revistas e livros acumulados desde a chegada dos missionários redentoristas em 1943, passando pela inauguração do Convento até 1971.
As primeiras estantes cobriam as paredes quase até o teto com mais estantes com disposição quadrangular ao centro da sala, isso em cada biblioteca. Era muito livro mesmo. A biblioteca do segundo andar era cheia de livros de bolso em inglês e revistas. Essas com menos sofrimento seriam por nós descartadas. Ah, se tivéssemos como hoje sistemas de escaneamento e multiplicação de tempo, faríamos um discernimento com menos ímpeto.
O terceiro andar da biblioteca era carregado de obras teológicas, filosóficas, bíblicas, sociológicas e muita literatura brasileira, inglesa e outras preciosidades. Selecionamos quase tudo e arrumamos em caixas para o transporte. Seguiríamos com elas em janeiro de 1972 para o seminário maior redentorista. Este seria onde hoje é o Parque do Mindú. Lá, sob a canção da cachoeira, estudamos e bebemos das fontes da fé e da cultura. Nosso sonho sempre foi que o verdadeiro conhecimento tivesse que se transformar em ação. "E a palavra se fez carne e habitou entre nós".
Os livros transportados com seus armários foram para um espaço novo e amplo, intercortado pelos postes de acariquara. Se antes os peixes, tipo acari, escondiam-se nos buracos da madeira (quara = lugar de), agora eles apontavam para os livros das estantes onde nosso beijo e olhar sedentos de sabedoria pousavam para estudos. Chegam imagens do romance o Nome da Rosa (Humberto Eco - 1980). O triste fim deste romance foi diferente desse relato. Ficou a rosa assegurando Palavras de Vida para sempre.
O fogo do conhecimento arde dentro de nós para saber sempre mais. Saber de sabor, gosto pela palavra, amor pela escrita, sinais de Mistério, coleção de emoções codificadas em letras que ampliam a razão quando pela fé se acredita falar de Deus e do Reino que Jesus anunciou.
Minha paixão por escrever durante a pandemia atiçou essas linhas com a força do coração! A memória trouxe a alegria, aquietou a angústia e me fará cantar a alegria da vitória quando finalizar a vacinação!
A oração pelos que sofreram e a gratidão do martírio daqueles que foram morar em Deus foram perdas que só a fé compreende. A Palavra que se fez Carne em Jesus ressuscitou-os para a Vida Eterna. (NP-JANEIRO 2021)











Comentários