MEMÓRIAS DE GUERRA E AS CURAS PELO MÉDICO QUE AMAVA FLORES
- peixotonelson
- 27 de out. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 2 de jun.

Conta-se que um canteiro de cactos ferira a perna de uma criança que brincava no parque das pedras demolidas com suas amiguinhas. O choro atraiu as borboletas que pousaram nas orelhinhas das crianças e sopraram palavras que só elas escutavam. "Querem que eu sopre para curar a dor?" Com o susto e a chegada de soldados, as borboletas tornaram a voar.
Os soldados se aproximaram e espantaram as borboletas, que pousaram na roseira florida. Uma das crianças correu para pegar as borboletas e, naquela tentativa frustrada, feriu a mão nos espinhos e pingou sangue nas asas azuis de uma borboleta.
Um médico idoso, a distância, vendo tudo o que acontecia, pensou: "Já são duas crianças feridas e eu aqui quieto sem poder me mexer e sem prestar socorro. Só poderei girar a minha bengala e mandar as borboletas acariciarem as crianças feridas". E assim fez.

O choro chegava aos ouvidos do velho médico como uma canção de luto que se repetia. Música triste de melodia fúnebre com gritos assustadores. Na mente do velhinho, vinha a memória do tempo da guerra. Seus olhos abriram e pareciam que iam pular fora. Era a visão do sangue derramado por causa dos ferimentos dos civis.
Lembrava o dia em que socorrera as crianças de dentro de um escola que estava caindo, após uma explosão que estourou todas as janelas. Fumaça e gritaria das crianças tomavam conta do ar.
Voltando a si, foi recordando do tempo em que foi médico no fim da 2ª Guerra Mundial, trabalhando num hospital bombardeado. Via crianças no pátio da escola escrevendo com tinta azul o próprio nome nos braços para que pudessem ser mais identificadas quando moressem.
Tal pesadelo do médico idoso pesava nos seus olhos lacrimejantes, quando teve uma visão colorida de um campo florido de rosas e girassóis, que cresciam velozmente quando os noticiários anunciavam o cessar fogo e a abertura de corredores humanitários. De imediato, caiu de joelhos e exclamou. "O ferimento de um cacto e o furinho de uma roseira são cócegas apenas, diante da dor na alma do povo massacrado pela vingança. O sofrimento vai acabar".

Acordei sorrindo! Ora, quem teve esse sonho foi eu, depois de ouvir as notícias da guerra entre Israel e os Hamas. Acompanhava com pesar a complexa situação, mas buscava um discernimento baseado no desejo de Jesus que tanto desejou a Paz, mas que teve o realismo de sentir, no corpo e na alma, as torturas, em consequência de sua opção de vida contra os reinos promotores da morte, como fora o Império Romano.
Jesus dissera: "Vinde a mim as crianças", mas não mortas e sim vivas, desfrutando do convívio da família e de uma sociedade justa, fraterna sem violências.
Guerras não têm vitórias. Somente a Ressurreição de Jesus e dos inocentes trucidados pelo terror garantem a virada da história humana, caso nos empenharmos em ser instrumentos da Paz.
Obs. Este texto eu escrevi pensando nos Médicos Sem Fronteiras, que fizeram de sua profissão o sentido de viver para salvar vidas. www.msf.org.br - "O coordenador do MSF na Palestina, relata impacto dos ⁰0bombardeios para a populaçao civil e instalações médicas" - www.iclnoticias.com.br - sem banalizar a dor.











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