HELICÔNIAS E FLORES OLHANDO UVAS E LIVROS COM MINHA NETA
Durante 13 anos, um canteiro ao lado da minha janela do quarto de dormir representava uma cascata repetida de flores de duas cores, com as pontas amarelas e centro vermelho, igual a um corredor, que vinha da altura do meu ombro até perto do meu joelho. Era como um caminho que se apresentava na minha frente, do alto ao chão. Lembrava-me da oração do Pai Nosso, quando se reza "Que seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu".
Na distância do tempo que passou, de lá para cá, medito sobre o sentido que dava ao ombro emparelhado quase no mesmo significado com a flor da helicônia. O mesmo posso dizer do cacho da mesma flor que repousava à altura do meu joelho.
Naqueles distantes 13 anos, vivia numa intensidade perigosa, estressante quando, fora de casa mas em família, sossegado, punha-me à contemplação da helicônia. Confesso que precisava dobrar os joelhos para rezar a fim de tornar os desafios aventuras suportáveis de dedicação no dia seguinte.
Pergunto-me, agora:
O que mais poderia ter feito naquela altura da vida, se tivesse diante de mim outras flores miúdas, passageiras e teimosas de florescer? O que posso fazer nesse estágio da vida, olhando para trás e projetando o futuro? Poderia continuar a escrever histórias, memórias e vivências? Acho que sim.
Quanto à primeira pergunta, se fossem flores fragéis, tenho muito a dizer, pois elas cresciam na lateral da moita de helicônias. Sim, frágeis que balançavam ao vento entre a Quaresma e a Páscoa, durante todos os 13 anos que por lá morei. As sementes destas, em forma de espinhos, dormiam no chão gramado, escondendo-se na terra vermelha do cerrado brasiliense, durante o percurso do tempo, depois da Páscoa até a Quaresma do ano seguinte.
As helicônias, como traduzo com o recurso do grego, é o "sol manifesto", sinal de que esconde a beleza e de que não se dá conta de ocultá-la, porque sua eloquência acontece no sentido da vida social e solidária que damos para as nossas vidas.
Imaginemos, então, as helicônias de braços dados ou de ombros juntos a clarear os dias de escuridão a caminho do Sol da Justiça, do Direito irrigando a terra, e as fontes de água em manancial permanente, escorrendo onde houvesse falta de umidade e de humildade para servir aos pequenos!
Imaginemos as flores fragéis despejando as sementes que morrem até brotar flores viçosas na próxima estação! Para lá correrríamos para beber e ver a corrente driblar as pedras do tropeço.
Jesus se autodeclarava como semente, às vésperas da trama que o levaria à morte: "se o grão / semente não morrer, não vai brotar, nem crescer, florescer e nem dar fruto" (Jo.....)... e nem virar pão. "Este é meu Corpo, entregue por vós. E este vinho é o meu sangue que tudo redime e tira o pecado do mundo".
Pensando o hoje da nossa vida, tendo passado pela fase de plantador de girassóis, prendemo-nos agora a contemplar a floração das videiras de outras regiões de bom vinho e de comunhão fraterna. Unidade que dá uvas em cachos, frutas justapostas em crescimento, alegremente aquecidas pelo sol.
Confesso e me encanto com as descobertas de linguagem da pequena neta que se extasia quando eu seguro na mão um cacho de uva, todas muito unidas.
Folheio o livro de histórias com minha neta, olhando o meu novo livro no dia 1º de outubro - DIA DA PESSOA IDOSA.
"Alegrias Sem Fim, Penas Passadas".
Veremos nas histórias que o sofrimento se tornou gratidão e funcionou como trampolim para o futuro da vida. Deus preparou algo mais eterno para os seus amados, pois as "penas" viraram asas como as dos pássaros, ajustadas ao corpo, que deram as condições para os voos mais livres e mais altos, sobre os emaranhados no mar da vida.
Essa foi a inspiração da foto da capa deste livro, cedida gratuitamente pela amiga fotógrafa e artista plástica Gisele Braga Alfaia.
AVISO DE AMIZADE E GRATIDÃO AOS LEITORES:
Quem quiser de presente um cópia digital do livro, avise-me pelo WhatsApp ou mesmo pelo blog que já assinou.
*Crédito da foto do arco-íris para Gisele B. Alfaia
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