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GIRASSÓIS E VENDA DE ROUPAS / ANTÔNIOS E AFONSOS EM AÇÕES.

  • Foto do escritor: peixotonelson
    peixotonelson
  • 17 de jun. de 2023
  • 3 min de leitura

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Deus vestiu muito bem os lírios e os girassóis das planícies ensolaradas. Assim fez com o mureru dos nossos lagos e a flor de lótus, nos alagados de águas paradas ou levemente correntes. Estou às margens de um igarapé, riozinho que corta minha cidade. As margens são povoadas por gente humilde que arrisca sofrer com enchentes em dias seguidos de chuva. Nem por isso desistem de lutar, trabalhar e sobreviver com o mínimo de dignidade.


Conheci uma família com esse perfil quando passava na área marginal do rio, em dia de domingo. A mãe e a filha, de um time de seis, estavam à porta da singela Casa de Oração, na entrada de um beco. Vendiam roupas usadas e desbotadas. Conhecendo-as soube que foram migrantes do Nordeste, que chegaram no ano 2000.

Em contraste com a primeira abordagem, vi o desabrochar do sorriso e da simpatia da família, quando eu a encontrei de novo. Da minha parte, era uma pequena conquista, pois estava ávido para fazer amigos naquela vizinhança.

Tinha prometido apoiá-los contatando amigos para arrecadar roupas usadas. Mas não fiz. Mesmo assim, dei um jeito e consegui doze peças bastante novas. Vejo que fazer campanha de coleta de roupas usadas, daquelas que já não ocupam o bom gosto pessoal, e até compradas por impulso, não é difícil. Mas sei que exige separar no guarda-roupa e seguir, nesse caso, o desejo de se livrar delas, destinando-as a alguém. Destinação certa é valorizar o trabalho empreendedor de mulheres que montam suas mesas de venda em esquinas. Gente lutadora para suprir as necessidades da família e não entrar em acomodada dependência. Banquinhas de venda de fruta, café e tapioca são sempre muito bem vistas por quem valoriza o trabalho possível da informalidade.

Por mais que as flores do campo se vistam de beleza e simplicidade, segundo a variação climática, estão num contexto favorável, desde que o solo fértil seja e recebam até beijos e pousos de pássaros e insetos para multiplicar a semeadura.

Imagino-me, em nome de amigos, andando e construindo amizade com aquelas famílias. Amigos meus, sabendo de minhas andanças, longe das multidões dos templos, podem se juntar e viver a fé, através dessas pequenas práticas de solidariedade. Sem julgar, conheço um pouco os motivos dos amigos que se reservam de andar em áreas como essas que caminho. Preferem a fraternidade quieta das devoções, que alguns minstros incentivam, equivocadamente, como o mais importante.

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Creio que, ao mandato de Jesus, "Ide e fazei o mesmo", está o coração da verdadeira fé e do sentido da vida anunciada, tal como no final da parábola do bom samaritano, quando respondeu a grande questão: "Mestre, que hei de fazer para receber como herança a vida eterna?". (Lc 10, 25-37).

Deus vestiu de dons e de perfume a todos, despertou os anjos do céu, quando nasceu no meio do campo, em uma manjedoura. Nesse contexto de abandono, Santo Afonso, inebriado de amor pelo presépio da sua Encarnação, fez uma bela canção com esses versos: "Meu menininho, bem pequenino, agora nascido, que fazes aí, a tremer de frio, a nos esperar?".

Santo Antônio, cansado de anunciar Jesus, em grandes catedrais como pobre e companheiro, pouco era escutado. Dizem que foi à beira do rio e disse que encontrava nos peixes ouvidos abertos e corações que não se afogavam em suas próprias mágoas, mas acolhiam a Alegria do Evangelho da Fraternidade, apesar da desolação.

Lembremos que os primeiros cristãos, no meio da perseguição, usavam a figura de um peixe para identificar que, entre eles, havia fraternidade e consolação. Da beira do rio ao centro da cidade, das grandes paróquias às pequenas comunidades, o que conta como verdadeira oração é o amor em ação e sem discriminação. (NP)

 
 
 

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