FRANCISCO E CLARA MARCARAM OS CAMINHOS - ONDE ESTAVAS?

Tomando café "Santa Clara", escrevo estas linhas como oração de gratidão. O dia 04 de Outubro de 2021 traz-me memórias de outros dias de São Francisco.

1. Da cidade onde nasci, Itacoatiara, AM, uma capela de São Francisco, distante da minha casa, sinalizava que o Santo estava na periferia, no meio dos pequenos , a florescer a fé e o cuidado para com aqueles que chegavam na cidade, vindo das margens dos rios para as margens da cidade que crescia e os acolhia.

2. Festa de São Francisco do Anamã, Anori, Am.

Tristeza no rosto dos devotos que circulavam nas ruas, porque o barco que trazia, de Manaus, gente para a festa, tinha naufragado com muitas perdas de vidas humanas. Não se tem registro de morte de animais. Não chegaram para aquela festa de 1975. Antecederam a ida para perto do Pai , que tão amado fora por S. Francisco, que acolheu a cada um para o banquete do Reino de Deus, festa que nunca acabará.

3. São Francisco do Jussara.

Nesta comunidade ribeirinha, vivi uma experiência litúrgica interessante. Fizemos uma memória da partilha do peixe que alguns chamam de multiplicação. Naquele dia, o milagre era a divisão e não tanto multiplicação. Deitamos na grama, assamos peixe, dividimo-nos em grupos, tudo era comum e ninguém passou fome, mesmo aqueles distraídos, que não trouxeram nada. São Francisco ficou feliz, porque até os cachorros comeram bem. A única violência foi aplicada no controle das moscas e dos mosquitos.

4. Santuário de São Francisco em Brasília

Aí, foram muitos anos celebrando o dia, vendo a evolução organizativa e pastoral da Paróquia. A estátua de Francisco, com o cachorro ao lado, ficava fora do templo e ativava a imaginação das crianças quando eu dizia que, de noite, uivava chamando os cachorros de rua perdidos no mundo.

Bem cedo, com a benção dos animais, tinha de periquito a preá na assembleia, se assustando com a sinfonia de latidos dos cães com seus donos. Não faltava aquele cão sem dono que precisávamos tirar da igreja para não ficar perto do santo. Certamente, os preferidos de Francisco, para não dizer, os pobres do mundo.

Foi nessa longa temporada que me atentei para a presença de Santa Clara na "reconstrução espiritual" da Igreja que Jesus pedira a Francisco.

5. Dia do retorno à Manaus.

Aconteceu em 04 de outubro de 2012. Vinha-me a pergunta:

Por que estou andando por aqui, de novo? No mesmo momento, veio-me a resposta. Estou numa missão humanitária, por amor, que me fez estar nela para completar aqui mais anos de resposta à vocação batismal, buscando fidelidade e o calor que me dão fogo para enfrentar cada desafio. Amar os que aqui estão e fazer de tudo para acontecer o que for possível, pelo esforço e a bondade de Deus! Entendi como prêmio, voltar a Manaus onde dediquei-me, nos anos 90, o ardor de minha juventude inquieta, às crianças acolhidas das Aldeias Infantis. E naquele momento, meio longe da família, recomecei com novos paradigmas de atuação. As ausências que sentia foram temporárias, mas compensadas com mil presenças daqueles 50 ou mais que me chamavam de pai e que me sorriam com afeição!

No dia de São Francisco de 2021, vi as marcas do Testemunho dos freis franciscanos na Igreja de Nossa Senhora das Mercês nos consolidando a espiritualidade redentorista. Até digo que Santo Afonso e um outro Francisco, o de Sales, junto com Dom Bosco e Santa Clara, se unem ao redor de Francisco, o Santo, e de Francisco, o Papa, para tornarmo-nos mais próximos do seguimento de Jesus, como discípulos e missionários do Reino.