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"EU OUVI A FLORESTA CHORAR"

  • Foto do escritor: peixotonelson
    peixotonelson
  • 5 de mar. de 2022
  • 2 min de leitura

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Amigo cearense, migrante dos novos tempos predatórios e devastadores, que ocorreram desde o final do primeiro milênio. Eu o encontrei como vigilante de uma casa de saúde.


Sr. José não conhecia a história dos seringais dos rios, da primeira leva nordestina que trouxe o cultivo do feijão de praia, na época da vazante e da cana de açúcar, perto da casa para adoçar a vida de seringueiro.


Desta vez, nosso amigo José foi atraído para trabalhar na grande obra de construção da hidroelétrica de Balbina no território das etnias Waimiri/atroari, no Amazonas. Cerca de 2.928,5 quilômetros quadrados de terras, anteriormente ocupadas pelos índios Waimiri-Atroari, foram removidos e inundados.


Sr. José contou-me emocionado. Ele trabalhava como apontador das áreas por onde os tratores gigantes operavam a derrubada da floresta.


Relatou, então, que os tratores emparelhados, entre 40 a 70 metros de distância, um do outro, seguravam fortes correntes para avançar, movimentando-se e levando as árvores e toda a vegetação com sua biodiversidade para o chão. Seus olhos brilhavam quando, enfaticamente, dizia-me.


"Quando as máquinas paravam, o silêncio era cortado pelos gemidos de dor. Eu vi e ouvi o choro da floresta, as árvores grandes matando as pequenas, apunhalando os animais e esmagando os seus filhotes indefesos.


Havia grito, choro, gemidos que, até hoje , não consigo abafar na consciência".


E teceu sua crítica, lamentando tanta morte e destruição. Não compensava tamanha dor da floresta derrubada, nem o longo gemido do afogamento, por inundação, pelo resultado de tão pouca energia elétrica gerada. "Área tão grande para apenas aceder a lamparina". Tal a comparação que sua inteligência afetiva fazia, até porque, Manaus não teve autossustentabilidade energética e o povo paga a eletricidade com preços elevadíssimos.


Além do mais, já ouvira falar, quando eu era estudante, que a lâmina de água é pequena, fora da área das turbinas, para a vasta área alagada. Como resultado, o metano liberado de seu vasto reservatório, emite mais gases de efeito estufa do que a maioria das usinas a carvão.


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Há uma hipótese do crime que poderia estar por trás desta hidroelétrica. A real intenção podia ser para guardar o minério que ficou por debaixo do solo inundado. Riqueza em minério, anos na frente, facilmente seria extraído com bombas de sucção. Sejam lá, quais forem as reflexões que este texto nos leve, recorro a duas revelações que a palavra de Deus explicita.


No Êxodo, Moisés tem a certeza de que Deus vê, ouve e tem compaixão, desce e o envia como líder para trabalhar a libertação do povo. Nos evangelhos, Jesus, como o novo Moisés, vê as multidões massacradas pelo império romano e pela religião judaica, e tem compaixão. Dá a própria vida, mas reúne os seus e os envia para libertar e curar as dores de toda Criação.


S. Paulo aos romanos (8, 22) expressa-se, nestes termos, aguardando o nascimento do mundo novo de cuidado, compaixão, justiça e fraternidade, entregando-nos a responsabilidade quando nos envia.


"Porque sabemos que toda a criação, conjuntamente, geme e está com dores de parto até agora".


 
 
 

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