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ELISEU E O SEUS ANÉIS DE ESMERALDA E RUBY

  • Foto do escritor: peixotonelson
    peixotonelson
  • 10 de jul. de 2021
  • 2 min de leitura

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Caminhava entre árvores e prédios, acreditando que cada vida que ali residia tinha uma história valiosa para contar. Meus vizinhos tiveram sonhos de um final feliz, mesmo que o itinerário tenha se passado, entre sorrisos e lágrimas, perdas e achados, surpresas e ações planejadas.


Voltando por onde já tinha andado, soube de uma vila chamada “Moisés". Nome que me lembrava o líder libertário do Egito, quando Deus falou, através de um arvoredo ardente. Deus alertou que o encontraria outras vezes na natureza e na sua história de vida, dali para frente.


De repente, encontrei, na cadeira de rodas, um herói forte, 80 anos. Não consegui ouvi-lo bem para ser mais objetivo neste relato.


Pareceu-me uma curiosa história de vida. Escutei sua voz embargada, quando contou-me da morte de sua mãe, no Nordeste. Uma dor profunda e um ressentimento, por ter sido abandonado pelo padrasto. Meu amigo resolveu sair em busca da "terra prometida" para alcançar o consolo dos irmãos.


O drama de sua viagem, a pé, pelas estradinhas, peregrinando, sem parar , até desfalecer, tal era sua obstinação. Queria encontrar seus irmãos e isto era motivo para rodar o mundo.

Nessa primeira parte da viagem, quase a morrer, encontrou um "anjo" que lhe deu alimento e pousada. Voltou a acreditar que o abandono podia ser superado com o gesto daquela família que o acolheu por uns dias.


Como precisava prosseguir, seus "anjos" providenciaram uma lata com carne frita, colocada na banha para conservar. Também farinha para comer, até alcançar a cidade mais próxima. E assim, bem servido, despediu agradecido, e pôs o pé na estrada à procura dos irmãos. Elizeu não os encontrou, nem constituiu família, vivendo sempre sozinho, mas como valente trabalhador.


Contou-me do seu ofício de líder de gente que desmatava a floresta. Sentia a dor das árvores que tombavam, mas pensava no bem que aproximariam as famílias quando se procuram. Seu trabalho foi sempre em equipe, pois antecipava o traçado da estrada para as máquinas entrarem, depois. Fez a picada de muitas delas no sul do Pará e do Mato Grosso. Enfim, veio trabalhar no Amazonas ,na BR 174 , que seguiria de Manaus para Boa Vista, RR.


Foi nessa temporada, mais perto de Manaus, que sofreu um AVC, numa noite quando estava só , no seu alojamento. Socorrido, chegou ao hospital em profundo estado de total paralisia e inconsciência. Nesse estado crítico, à espera da morte, soube, sentiu e contou-me com grande satisfação, que médicos e enfermeiras, dedicaram-se muito pela sua recuperação. E assim se fez a nova vida.

Sem parentes, e sem ter encontrado seus irmãos de sangue, sentiu-se abençoado pelo desconhecido que lhe deu pousada e alimento, encontrou companheiros de trabalho no corte das estradas, e enfim, os cuidadores de sua saúde no hospital.


Recuperado e em cadeira de rodas, trouxeram -no para morar perto de mim, onde o encontrei e me contou, apenas, um raio de luz de sua heroica vida que seus anéis cintilaram. Em seu dedo da mão que abria estradas, tem um anel com uma pedra esmeralda, incrustada num metal. É o símbolo da vida que levou com fé e com esperança de encontrar-se com Deus.

Ah! Sr. Eliseu!

Ainda há muita coisa para me contar. Vou agendar e procurá-lo, outras vezes. (NP)

 
 
 

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