CORAÇÃO BRILHANTE - UMA EXPERIÊNCIA DE LUZ

Escrevo sobre uma devota do Sagrado Coração de Jesus, cujo nome significa "árvore frondosa". Pessoa de saudável longevidade com uma energia integral que é sinal de vida iluminada de sol. Revelou-me onde abastece sua vitalidade espiritual, ou seja, sua humanidade em crescimento de sabedoria e graça como Jesus. Seu posto de vitamina da alma acontece na contemplação do coração de Jesus de Nazaré.

Identidade sagrada e profana de Jesus, o Cristo, se juntam com o divino e o terreno, integrada no humano de nossos dias. Para a senhora de quem relato sua visão, que acredita em Jesus, com a fé que alcança o rosto revelador e consolador do Pai sem o gume separador do divino e do humano. Assim pensando não incorremos no risco de crer na transcendência do Cristo de Deus a ponto de esquecer o Jesus de Nazaré e sua Encarnação na história de cada ser vivo e de toda a Terra.

Descobri que a sabedoria da minha contemplativa amiga fora trilhar o longo caminho da fé, conhecendo e amando a Jesus com o coração semelhante ao seu. Um humano coração de carne, palpitante e ambulante nos caminhos poeirentos de Nazaré, onde Jesus encontrava e incluía a todos. A história passada da minha amiga remonta aos primeiros que chegaram na Vila Amazônia, do Baixo Rio Solimões, entre Parintins e Itacoatiara, Am.

Passados os anos, trabalhadora social e contadora da fábrica Kitut Wilson, em São Paulo, separada e adquirida sua autonomia, pôde viajar com a filha para a terra de seus pais, onde passou bons tempos. Amadureceu com saúde, mas sempre temeu que a solidão se apoderasse de si. Resolveu voltar para Manaus e encontrou-se comigo nas suas caminhadas no Parque do Idoso.

Numa manhã, próximo à gruta na entrada do parque, conversamos sobre a identidade primeira de Deus, feito "carne", vida humana para habitar entre nós e nos olhar com amor infinito. Preciso considerar que esta senhora, vivendo na correnteza devocional, muito mais do que na trilha intelectual, captadora de Deus, não quis sujeitar sua fé aos argumentos do convencimento dogmático. Preferiu a linguagem afetiva do coração. Com essa liberdade, passeava no Parque do Idoso e se aproximava da gruta, onde estava um misto da imagem de Cristo Redentor e do Sagrado Coração de Jesus, exposto e transpassado de amor por uma espada e uma coroa de espinhos em volta.

Contou-me hesitante e desconfiada o que acontecera. Certa vez, em dia nublado de dezembro de 2022, parou para rezar e teve uma surpresa tão extraordinária e maravilhosa que recusava a contar para quem quer que fosse. Resolveu falar para mim como partilha de algo que, se não contasse, o seu coração não suportaria guardar consigo. Depois de examinar as hipóteses do que testemunhara, resolveu me contar, e no fim da escuta decidiu que, se eu fosse fiel no relato da experiência, poderia publicar.

Aconteceu que, quando parou e fixou o olhar no coração vermelho da imagem, notou que uma luz brilhava, vindo cintilante por dentro do coração. Nesse momento, foi o seu coração que disparou de espanto, mas não teve medo. Apesar de surpresa e confortada, veio no pensamento a cultura do mérito, querendo impor-se como quem não fizera nada para merecer tal gesto de Jesus. "Por que eu?"

Parecia que a gratuidade do amor de Jesus e sua misericórdia sem medida não podiam ser verdades. "Logo quem, para mim?"

Desconfiada de tão grande presente, duvidou e foi em busca de possíveis explicações. Não havia sol naquela manhã, nem uma fresta de luz que chegava até aquele coração brilhante. Por incrível que pareça, eu mesmo tinha providenciado, já uns 12 meses atrás, uma lâmpada para pôr dentro da gruta, a fim de ver a imagem iluminada de noite. Entretanto, na reforma que fizeram, até os fios foram arrancados e a escuridão noturna continuava a esconder a imagem.

A senhora conformou-se com o brilho do coração como certeza de que por ela e por todos, sem merecimento algum, o amor de Deus Pai se tornou verdadeiro e visível no rosto de Jesus de Nazaré.

De minha parte, como ouvinte e redator da experiência, descobri que o primeiro nome em português desta senhora tem um significado de ser "aquela que sente as dores do nascimento da vida, aquela que dá a luz que recebeu, e sendo assim Iluminada, vai gerando o verde luminoso das florestas, tal como Jesus dissera: "vós sois a luz do mundo". Para mim coube cumprir a missão de publicá-la e colocar a lâmpada do amor de Jesus "para que todos vejam como brilha sobre bons e ingratos".

Esta experiência situa-se no esplendor do filme de 2020 "Coração Ardente", cujo enredo começa com uma escritora de renome, que, não tendo inspiração para seu novo livro, torna-se uma pesquisadora investigativa das aparições do Sagrado Coração de Jesus.

Vê-se com lucidez que crer se torna dar o coração para conhecer e amar. Assim nasceu a Oração do Credo (cor+dare) como gesto de "dar o coração" para Deus Pai e para o próximo como Irmão.

(NP)