CHOREI NO OMBRO DE UM SANTO - ERA DOM HELDER CÂMARA
- peixotonelson
- 19 de nov. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 19 de nov. de 2022

Com o inicio do processo de beatificação de D. Helder Câmara pelo Papa Francisco, não preciso detalhar quem ele era, mas relatar uma experiência de uma amiga segundo o que farei abaixo. Toda e identificação desta amiga constará no livro que ela lançará, em setembro de 2023, e dará como presente de aniversário nos seus 80 anos de vida.
Era início da Faculdade de Enfermagem, quando ela teve a alegria venturosa de conhecer D. Helder Câmara, ainda Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro. Todos os dias, ele rezava a missa, ao amanhecer, para as estudantes. A Escola de Enfermagem "Anna Nery" era um lugar de aconchego e de conforto para o santo, diante das pressões e perseguições que já sofria na política, por causa de seu amor e fervor aos empobrecidos das favelas. O posicionamento de amor genuíno ao Evangelho, naquele tempo, já era motivo de suspeita favorável ao comunismo, nas acusações de que diziam dele.
Minha amiga conta, com voz embargada, que D. Helder, durante a consagração da missa, chorava muito, de joelhos, diante do Cristo Eucarístico, até soluçar, tal era o conflito que depositava nas mãos do Pai, através de Jesus. Oferta da vida e da missão de bispo dos pobres. Memória Viva, em favor dos deserdados deste mundo.
Relata minha amiga que "D. Helder tinha a cabeça e as mãos grandes, era feio, mas, de um voz melodiosa e encantadora". Mãos para servir e a cabeça sintonizada com o coração para o anúncio do Reino. A amizade cresceu entre D. Helder e as futuras enfermeiras que entenderam a prática da enfermagem como mandato de Jesus aos discípulos, quando os enviou, dizendo "Ide e curai".
O irmão mais novo de minha amiga veio para o Rio. D. Helder, de imediato, conseguiu um colégio de jovens estudantes para que tivesse pela frente um futuro brilhante, tal como a irmã, que se tornaria enfermeira cintilante na profissão. Mas, Deus Pai, confessamos na fé, teve outros planos.
Aconteceu que o irmão contraíra meningite que o levou à morte. O sofrimento de minha amiga foi grande e traumático. Não conseguiu ir para aos funerais, o que ficou por conta dos tios. Muita dor, durante aquele momento do Curso de Enfermagem. Seu santo protetor, D. Helder, soube confortá-la como pai. Ela chorou muitas vezes no ombro dele, até secar suas lágrimas. Consolada pela compaixão que lhe deu o santo, ouviu as palavras doces daquele que no meio de suas tribulações de bispo perseguido, ainda ensinava a resistir e confiar em Deus.
Sempre lembrava, mesmo depois de construir família e exercer sua profissão de enfermeira, da ação social do querido e saudoso bispo. Além do mais, lembra daqueles anos dedicados de Dom Helder para erradicar a pobreza e mostrar quais eram os preferidos de Deus. Depois da missa e servido o café daquele homem magrinho, ia enfrentar o dia, ali mesmo, em frente da Escola. Mulheres ricas e de mãos abertas esperavam D. Helder para iniciar as ações caritativas e promocionais do Banco da Providência que fundara.

"Essa é a parte de minha vida que jamais poderei esquecer. Quando aquele homem falava, a voz dele tinha música". E até podemos testemunhar por outras fontes e diz: "quando aquele homem abraçava um pobre era estar se encontrando com o próprio Jesus”. Um exemplo de cristão que amou mais a Jesus do que a religião moralista do catolicismo dos bons costumes.
Bendito seja Deus que premiou minha amiga com a amizade de D. Helder, um futuro santo!
Bendito seja ela, que hoje, aposentada, permite que o fogo do amor de Jesus arda em seu coração a Deus e ao próximo!
Ela me contou. em segredo: Antes de morrer quero dizer que chorei nos ombros de um santo!"
Fica o testemunho da santidade de D. Hélder, a ser canonizado, daqui a alguns anos.











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