AS FLORES DE MAIO EM TEMPOS DA VIDA, DA INFÂNCIA À VELHICE COM AMOR, CUIDADO-SEMEAR, COLHER
- peixotonelson
- 23 de mai.
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Atualizado: 24 de mai.

Neste mês de maio de 2025, escuto do presidente da Fundação Municipal de Defesa dos Diretos do Idosos, Dr. Eduardo Lucas, que os "pavilhões" do Projeto de ILPI do Dr. Thomas passarão a se chamar de "Vilas", e cada uma com o nome de flores... Vila Orquídea, Vila Lírio, Vila Girassol, Vila Jasmim, Vila Rosa, Vila.........
Bem-vinda mudança para contestar a institucionalização de idosos residentes longe de suas familias. Inicia-se assim mais um percurso de cuidado dos idosos e da natureza que desabrocha para uma vida sem fim e me faz entender na linguagem das flores nas minhas estações da vida.

Pequenos lírios do meu tempo de criança pareciam capins dourados. Sonhava com eles e notava que a cada dia novos botões se abririam. Depois, na casa de minha mãe, um círculo verde ao alto cruzava a meia divisão entre a sala de estar e a sala de refeição. Era uma trepadeira que chamavam de jiboia e que nem me metia medo por ser nome de cobra. Depois descobri que era uma planta protetora e de leve formato de coração verde e amarelo. Os tempos inaugurais das flores pequenas passaram e eu crescia.
Onde estudei, meu amor a plantas e flores se intensificou e me habituei a amá-las e a cuidar delas. Meu amigo Haroldo Jathay cultivava comigo as fileiras de plantas e flores, revirando a terra, semeando e colhendo flores!
Esses canteiros ficavam ao lado da Capela do Santíssimo Redentor. Serviam para enfeitar os altares das missas e para contemplar a bondade de Deus com todos os presentes daqueles anos formação missionária. Foram muitos anos nessa tarefa e havia até uma disputa velada para cada um tornar seu canteiro pessoal mais bonito e sempre florido com variedades de plantas.

Na iniciação da vida missionária, meu trato com a terra foi o corte da grama, que anos mais tarde eu até brincava que as flores do capim crescido também mereciam viver e não apenas gerar reclamações: “o mato está grande”.
A máquina elétrica de corte de grama dava uma gostosa sensação, um tipo de concentração entorpecida que eu nem via o tempo passar. Essa experiência eu fiz ao longo dos anos quando trabalhei nas Aldeias tanto em Brasília quanto em Manaus.
O D. Jacson Rodrigues era meu companheiro amante de flores. Construímos jardins, carregamos terra preta, tivemos vários tipos de papoulas e sempre ficamos atentos no caminho da faculdade, olhando os jardins e imaginando como pegar as mudas, seja de forma invasora ou pedinte.
Navegando por rios e lagos, meu amor concentrou-se em orquídeas, pelas quais desenvolvi uma grande paixão. Foi uma orquídea que encantou minha esposa antes de eu deixar o ministério. Minha irmã Ângela permitiu que eu a colhesse e me dera um pequenino vaso de porcelana para colocá-la linda e viçosa. Minha intenção silenciosa era oferecer a Luzinete para torná-la feliz como presente de apaixonado.
Depois de casados, comecei a gostar de palmeiras, plantando mudas no jardim da nossa casa onde nasceram os nossos dois filhos. Silvia Luíza teve nome em referência ao evento do ECO 92 e à preservação do verde da floresta, assim como a luz que se projetava no mundo em termos de meio ambiente e sustentabilidade. Foi nessa espera do meu segundo filho, Nelson Victor, que fiz pequenas expedições ao lado do terreno onde depois foi construída a Aldeia SOS do Amazonas. Inclusive, na própria área da Aldeia a ser construida, eu buscava terra preta que estava amontoada. E a vida seguiu até que eu, pela graça de Deus, fora escolhido para ser gestor das Aldeias Infantis SOS em Manaus.

A fase em estágios de cultivação mais proposital deste caminho de amor às flores aconteceu na volta à Aldeia SOS de Manaus. Terra dura, pedregosa, na frente da casa que passei a morar. Investi muito suor no chão e contei com a ajuda de pessoas em medidas alternativas que prestavam serviço aos sábados. O objetivo era plantar girassóis. Conseguimos e alcançamos nas duas primeiras safras bons resultados. Belos, gigantes, com alguns pés alcançando 1,60 metro, compondo um campo de luz e fluorescência encantadora. Foi num dia de maio que, ao preparar a terra, fiquei sabendo da Páscoa do meu amigo George Nakamura.
Certamente, ganhou de presente um mundo novo, florido e cuidado na vida como ressuscitado, mas aprendi que as sementes vingam, crescem as flores, morrem, mas se reproduzem em novas sementes.
Definhando os girassóis, comecei a plantar zínias, precisando comprar as primeiras sementes via internet. Vinha-me a lembrança dos tempos passados. Os canteiros eram vistosos, de muitas cores e de uma beleza rara. Assim sonhava ser semeador, sacudia as flores secas. Certa vez, fiz pequenos envelopes de sementes como lembrança de Páscoa e incentivei educadores a cultivar com as crianças da Educação Infantil. Minha intenção era exatamente esta: que as flores fossem parte pedagógica da atenção das crianças, da curiosidade, do cuidado com a natureza e de atenção para com os idosos.
Que as flores encantem os idosos e os façam florescer com carinho e atenção na fase final da vida!











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