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AMIZADE PRESENTE E CONSTANTE COM A PRIMA MARIA CONSTANÇA.

  • Foto do escritor: peixotonelson
    peixotonelson
  • 29 de abr. de 2023
  • 4 min de leitura

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Não era um ser estranho e nem de outro mundo, quando ele entrou na minha vida. Um presente, um amigo para se eternizar. Fora trazido por sua namorada, minha prima querida, cujo nome trazia o significava quase de perseverante, indestrutível e constante afeto. Ela se chamava CONSTANÇA e ele, OSVALDO.


Ele tornou-se amigo, desde o meu tempo de criança. Olhar atento e terno que, eu, enquanto pequeno, tinha certeza que estava para ele com valor.


Hoje, filosofo. Se alguém como ele me via, logo "eu existia" e me promovia com sua amizade a uma criança como" sujeito de direitos". Sabia brincar e conversar, respeitar os pequenos. como eu, entre 6 e 9 anos. O Osvaldo namorou, noivou e casou com minha prima Constança.


Este amigo gostava de ler e trazer revistas da época, como a "Manchete", "Cruzeiro" e outras que mexiam com minha imaginação e criatividade. Parecia que sempre estava com um texto ou um livro na mão a me esperar e encantar, aprender a ler e a cultivar a imaginação, a criar histórias e me prover de sonhos.


Olhando no retrovisor do tempo, me vem o livro de Mia Couto, com o título "Jerusalém", mas não a cidade sobre a qual Jesus chorou e foi arrasada pelos romanos no ano 70 a.C. Tratava-se do lugar esquecido onde se deu a trama do livro de ficção, na África, um lugarejo de Moçambique, com suas crenças religiosas e cheia de mistérios.


No caso, o lugar que estou me situando na memória, trata-se de Itacoatiara, AM (tradução: "pedra pintada"). Terra jamais esquecida por mil motivos e enredos na minha história de criança. "Jerusalém" do livro de Mia Couto é um jeito de ver a vida como uma viagem de desamor e de esquecimento. Itacoatiara, por outro lado, foi meu lugar de muitos afetos que não dão para esquecer. Diz um certo comentarista do livro Jerusalém que "toda a história do mundo não é mais do que um livro de viagens, refletindo o mais violento e mais cego dos desejos humanos: o desejo de esquecer". Mas, para mim e para vocês, é bem diferente. A gente não esquece, mas leva a saudade que é o amor que ainda é, e que vai seguindo conosco, de inquietação em inquietação, de alegrias e de gratidão.


Meu amigo Osvaldo viajava no pensamento e na emoção embalado pela música. Os boleros inesquecíveis me extasiavam, quando, sentado na calçada ou na sala, perto dele, ouvia admirado e levemente nostálgico. Certamente, a música trabalhava a arquiteta do meu cérebro naquele final da primeira infância.


Num final de certa tarde de calor, enquanto ele lia suas revistas, eu, literalmente, pulava em nem cabrito, brincando de gritar e fazer de conta que queria escalar o muro. Nessa gritaria, o meu amigo Osvaldo perguntou, de longe: "está pegando santo, menino?" Não entendia o significado, nem o possível preconceito que os ritos das religiões de raiz africana evocavam acerca dos terreiros de umbanda, mas que traziam alegria e muito movimento festivo. Fato era que me sentia feliz por chamar sua atenção e estar brincando daquele jeito.


Nas quermesses do Colégio da Santa Dorotéia, onde eu era muito querido, o "tio" Osvaldo e sua noiva levavam-me para sentar à mesa com eles. Sempre garantia uma salada de frutas e umas pescarias com prendas de brinquedo ou de doce. Assim nunca me sentia invisível perto dele e da Constança.


Como menino amava minhas duas primas, Constança e Terezinha, que sempre me deram muito carinho. A entrada do Osvaldo na vida da Constança potencializou a experiência de família que eu precisava ampliar. Pois, morando com minhas tias solteiras de mais idade, compensava minhas carências de vida infantil e de relacionamento amigável e animado. A tia Sinhá, punha-me na rede junto dela e me embalava carinhosamente, enquanto o tio Gaxito (Graciliano) sempre aceitava jogar baralhinho comigo, depois do sono.


Meu amigo Osvaldo ficou muito tempo longe de mim, voltando a me encontrar, através do amor de sua filha Ignês Tereza e das netas Laura Carolina e Daniele. A memória afetiva voltava em ondas, sobretudo quando o encontrei, depois de muito tempo, na sua festa de 90 anos.


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Quando em Itacoatiara, em 1976, estive morando com ele e me encontrei, no mesmo ambiente de infância, com a Constança e a Terezinha para celebrar minha Primeira Missa, em companhia do Mons. Alcides Peixoto (tio Padrinho), quando em outras ocasiões experimentara um carinho e um aconchego na família por aqueles que se lembravam do Nelsinho. A Igreja do Espírito Santo foi a escolhida para a Primeira Missa, uma festa de gratidão a Deus por ter me tornado um servidor dos pequenos e exercido o ministério por 16 anos em intensa vida missionária.


Foi nessa cidade que testemunhei, ainda bem pequeno, as viagens missionárias que o Tio Padrinho realizava com o Tio Gaxito (Graciliano).


Depois de casado estive lá com meus filhos e a Luzinete sentindo da parte do Osvaldo e das primas um profundo respeito pela minha decisão. Deus seja louvado, pois hoje a ligação afetiva com minha história prossegue com o Osvaldo e suas filhas Ignês Tereza e Daniele Paiva.

Muito grato, Senhor Jesus!

(NP)

 
 
 

1 comentário


Sávio Peixoto
29 de abr. de 2023

Que lembranças lindas mano. Osvaldo continua sendo um amigo. Recordando tbm de nossas amadas primas: Tantas e Eê como chamávamos Constança e Terezinha. Saudades de tia Sinhá e tio Gaxito.

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