A VIDA DE AMOR E A PATERNIDADE ESTRELADA, CRUZEIRO DO SUL/AC.
Selene Correia de Oliveira, nasceu nas "estrelas brilhantes" que do firmamento brilham e que chamamos de Cruzeiro do Sul, sendo aqui uma cidade do Estado do Acre. Cruzeiro com uma luz maior a apontar para o Rio de Janeiro, onde estudará e voltará, como enfermeira para cuidar da saúde do povo.
O dia era de São Francisco, 04 de outubro de 1943. O santo que marcará sua vida e verá espelhado no pai Sebastião Teles de Oliveira e na sua mãe Irene Correia de Oliveira.
Nesse sentido, a memória de Selene, desde os quatro anos, é viva e emocionante a contar os fatos e o contexto de vida de sua primeira infância. Duas palavras compõem sua inesquecível oração aos quatro anos: "ME AJUDA, MISERICÓRDIA", JESUS!"
Aconteceu, que num final de tarde, o pai, Sr. Sebastião, não chegava do outro lado do rio. Homem que trabalhava nos correios da cidade, aproximando vidas distantes, viajadas para outros cantos do mundo, ao afeto do lar que sumira dos pés, mas não saiam do coração naquela cidade, quase perdida no mundo das florestas e dos rios.
Sebastião, chefe amoroso da família ganhava pouco, mas tinha a esposa e filhos que amavam trabalhar e garantir seu sustento, avançar nos poucos estudos que a cidade proporcionava. Na simplicidade empreendedora e em solidariedade, a mãe Irene vendo crianças bem pobres perambulando pelas ruas, fazia doces, mingaus e bolos para que eles vendessem. Depois, pagava a cada um para que pudessem ajudar suas famílias. Dona Irene não se preocupava apenas com sua família, mas com aquelas que passavam necessidades maiores. A família da Selene era pobre, mas autossustentável. Consideramos que, naquele distante município de Cruzeiro do Sul, uma família era pobre e assim classificada, como não tendo recursos para suprir necessidades supérfluas de consumo.
Relata a Selene, que fez 80 anos neste ultim dia 04 de outrubro, que sua família era pobre, mas tinha abundância de carinho em casa e um pai meigo e terno que amava os filhos. Ele saia todos os dias, após o turno nos correios, de onde distribuía os telegramas. Atravessava o rio, que passava na frente da cidade, para trabalhar a terra. Lá plantava verduras, feijão, legumes, frutas que abasteciam sua casa, e trazia a lenha para o fogão. Certa vez, levou como sempre fazia, sua cachaça, como remédio ou despertador do desafio de enfrentar o seu segundo e duro turno de trabalho do dia.
"ME AJUDA, MISERICÓRDIA" foi a prece daquela criança Selene, no fim de um dia de verão. O pai não voltava do outro lado do rio, onde ficava o sítio. Seu coração apertava, ao cair do dia, sem receber o beijo e o carinho do pai. Escorou-se em um tronco de árvore e começou a chorar. Balbuciou a oração que vinha da dor.
Deus escutou sua prece inacabada, como gemido do Espírito Santo, e foi atendida. O pai voltou com os dedos sangrando das mordidas de piranhas e com cheiro de cachaça. Daquele jeito que estava, abraça a filha Selene e ouve um pedido dela, que será cumprido para sempre: "papai, não beba mais". O pai respondeu: "o papai nunca mais vai beber". Assim, se cumpriu sua promessa.
Foto de Gisele B. Alfaia - Titulo dado por mim: "Caminho ascendente de Selene" - @giselealfaia
(Texto extraido do meu livro (Nelson Peixoto) "Sementes e Flores", a ligeira biografia de Selene, que ela presenteou aos amigos e amigas, por ocasião do seu aniversário de 80 anos, - Editora Alta Performnce, Goiania, 2023.)
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