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A MARCHA DO AGRADO AO SAGRADO

  • Foto do escritor: peixotonelson
    peixotonelson
  • 30 de out. de 2021
  • 3 min de leitura

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O mês de setembro da pátria ficou na sensação do movimento das pernas e dos braços. Para onde marchar e sorrir? Outubro das Santas Marias passou como dias de uma história de fé e alegria!. Para que amar e não odiar? Novembro da saudade daqueles que amamos e se foram para Deus!


Hoje, mais uma marcha, lado a lado, só não assim sempre, porque profanaram o direito do pedestre ter calçada. Fomos atrás da presença de outro amigo para dar-lhe o agrado da companhia. O andante, que marchava comigo, estava à procura de um outro, um velho amigo de copo, nas calçadas e bancos. Foi onde queria ir, até chegar ao seu banco de descanso noturno, aos fundos de uma casa de material de construção e mercearia, cujo dono desistiu de empreender.

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O Tomil, que seguia comigo, contou parte de sua história de vida. Nesse segundo tempo da marcha, eu já o acompanhava à distância, como quem quer decifrar o mistério de sua andança solitária.

Enfim, reapareci como quem surpreso pelo reencontro. Mudo, estava no banco do amigo ausente. Ele não encontrara o velho parceiro de bebida. Eu me pus a perguntar mais sobre sua vida. E ele me deu retalhos para eu montar um parágrafo apenas.


O seu patrão era o dono do prédio de 3 andares, desgastado pelo tempo, onde trabalhara durante muitos anos, na loja de material de construção e mercearia, agora fechados.


Patrão, que na lógica da gratidão, nunca deixara o Tomil partir sem rumo, por causa da bebida. Gesto sagrado que suas filhas prosseguem, dando pousada e certa atenção, por mais que o tenham proibido de entrar bêbado no quarto que arranjaram para ele.


"Vamos atrás do Greike", disse-me o Tomil, embora se queixe de que ele o humilha por ser perdedor dos agrados que recebe e o acuse de ingerir outros "venenos". Seguimos e passamos numa lanchonete. Pegamos o super-sanduíche recheado com as lascas de tucumã e muito queijo frito, pensando na partilha que celebraríamos com o Greike. Encontramo-lo mais adiante já bastante pesado no álcool. Assim aconteceu. Paramos à grande sombra de um pé de taperebá.


Nas conversas iniciais, o Tomil parecia esconder o sanduíche. Talvez, estratégia para sugerir a partilha da cachaça que o Greike sinalizou estar disposto. Tudo foi posto em comum, cachaça e sanduíche.

O monopólio do Sermão ficou por conta do Greike que contou uma "versão do Apocalipse", segundo ele, misturando a fala do amor sagrado de Madalena, passando pelo milagre do pão multiplicado e da água transformada em vinho.


Meus amigos pareciam sentir o gosto da fartura, em manhã de fome.


Não vi o primeiro gole do Tomil, que retirou-se para buscar água. Eu , preocupado que o Greike comesse sozinho, prontifiquei-me a pegar água gelada no Parque, mas precisava de um copo. Consegui, com alguma insistência ,que um vendedor me desse, ainda reclamando: "Tem que trazer, cada um o seu", pura prática de cada um por si.

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Levei água para o Tomil e observei que o sanduíche terminara. A água não virou vinho e nem sangue, mas houve partilha como gesto de amor, revelando que, no coração dos alcoólatras, habita a solidariedade capaz de transformar o mundo.


Crer no sangue, na flor e na água do coração traspassado de Jesus é saber-se amado no limite do agrado primeiro do amor de Deus, que em todos se tornou uma sagrada presença.


 
 
 

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