A GATINHA RUBY - PERDÃO SEM TEMOR
- peixotonelson
- 8 de out. de 2022
- 2 min de leitura

Certamente, a lenda mais conhecida ou o mito da selvageria animal. seja aquela ligada ao lobo que aterrorizou a cidade de Gubbio. Diz-se que São Francisco conseguiu falar com o lobo, acalmou a sua ferocidade e trouxe de volta a paz e a reconciliação à cidade.
Não é do lobo que escrevo agora e sim de uma gatinha que tinha o terror impresso na sua alma felina e ferida. O mundo a maltratou e a abandonou à fome e ao desespero. Ela encontrou o cuidado e um dono que exerceu um cuidado sobre ela e sobre o ambiente feroz que a cercava até então.
Aconteceu que passantes ao longo das grades da Vila, sentiram a compulsão e realizaram o desejo de abandonar cães e gatos que não queriam criar e nem vê-los, por aí, sofrendo. Sem julgamentos sobre eles, vou contar a história de uma gata que tem nome e sobrenome. Confesso que foi uma adoção temporária, só aplicável a animais domésticos.
Gatos já andavam com sua tendência crepuscular a frequentar as noites por aquelas bandas, vindos de longe pelas trilhas das tubulações fluviais gigantes, semelhantes a redes virtuais. Gato andando de dia, era coisa rara, a não ser os caçadores de comida e os que se acostumavam com carinho das crianças e um pouco de ração.
Numa tarde de chuva, aparece tremendo à porta uma gatinha que me acompanhou nos movimentos, mas era arredia e corria de mim, quando tentava acariciá-la. Mesmo quando dava comida e ia ao prato, recuava ao tentar pegá-la. Prontifiquei-me a aceitar o desafio da conquista e do apego.
Para minha família, parecia que não compensaria nenhuma vinculação. Tínhamos sofrido muito com o nosso cachorro Aschib, que viveu conosco 16 anos. E decidimos não mais ser dono de nenhum bicho doméstico, apenas cuidar deles sem posse.

Enganando a gatinha Ruby com comida farta, consegui agarrá-la e forçar um carinho. Tremia de medo sem parar e assim despertava a compaixão. Resolvemos deixá-la no nosso pátio, ao lado da casa. Começamos a acostumá-la conosco. Cresceu, mas seu DNA felino e caçador, ao ponto de acompanhar pássaro que voavam baixinho e a espantar borboletas saltitantes. Classificamos de gata-macaca que subia em labirintos do foro da casa e não conseguia descer.
Sua inteligência a fez aprender a se livrar de situações, sem a intervenção humana. Mas quando sumia, já sabíamos que estava presa. Nesse caso, bastava silenciar o ambiente para ouvir, vindo de longe, seu pedido de socorro. Descreveria assim: ela tem rabo em movimento de cobra, os bigodes circulam no rosto como hélice, e suas patas hábeis para abrir trincos.
Fez cirurgia para não ir longe e nem chamar gatos noturnos. Vacinada e com boa saúde, aprendeu a voltar para casa. Por causa do seu instinto caçador foi prometido a um amigo que já gostava dela. Deixei-a em estágio de convivência com ele. Foi para o sítio ser amiga dos macacos e com os pássaros aprender a voar e não mais subjugá-los a morrer entre seus dentes.
Gatinha que deu alegria e uma parábola, no dia 04 de outubro de 2022, dia de São Francisco, após o 1° turno das eleições. Aos cães e gatos garantimos dar e receber carinho em outras paragens e cenários!











Comentários