A CIDADE DA MINHA INICIAÇÃO LIBERTÁRIA DE MISSÃO. Parte II

Continuação da Parte 1 - A CIDADE DO MEU CORAÇÃO MISSIONÁRIO.

Da experiência missionária, em Manacapuru, naquele ano de 1975, tem mais. Como se aproxima o evento máximo dos 80 anos da Missão Redentorista, marcado para o dia 22 de Julho de 2023, segue o meu relato do início da minha experiência missionária. Era um momento histórico da Igreja no Brasil, que, seguindo o Concílio Vaticano II, era visto pelos teólogos como a Igreja que renasce do povo.

Círculos Bíblicos - Embrião das COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE - (CEBS).

Minha aproximação do povo aconteceu através das andanças diárias pela cidade, mas centrando-me no bairro que, na época, chamava-se Biribiri. O Sr. Tomás, pai da Cleini, tornou-se uma das minhas referências por lá. Já acontecia o Círculo Bíblico, como reunião de vizinhança, graças ao Irmão Simão Ripp, que, por não ser padre, vivia seu carisma fora do altar. Tornei-me conhecido pelos moradores, visitava as casas, oferecia minha amizade e sonhava com lideranças locais que construíssem uma fraternidade, com a força da Palavra de Jesus para melhorar a vida e desenvolver a comunidade até tornarem-se agentes de pastoral.

Parecia até que andava a ermo, mas com a intencionalidade de começar as CEBs locais, um desejo que eu alimentava com as minhas leituras e reflexões sobre o 1⁰ Encontro Nacional das CEBs, em Vitória, ES, naquele ano 1975, cujo tema era o que eu acreditava: "Uma Igreja que nasce do povo com o Espírito de Deus".

Essa linha pastoral de igreja de COMUNIDADES me empolgava tanto, que devorava as experiências, convencia-me de uma leitura bíblica na mão de agentes de transformação social que valorizassem a religiosidade popular como nova força e forma de ser igreja. Bispos e padres legitimavam e viam o caminho de uma igreja libertadora das desigualdades, inclusive dentro da igreja clerical.

A vida religiosa nesse cenário, na década de 70, integrava-se como "fermento na massa", vivendo sua vocação de "luz e sal da terra".

Eram homens e mulheres consagrados juntos aos leigos, enfatizando uma disponibilidade maior para o seguimento de Jesus, entre outros ministérios, todos valorizados.

Uma Igreja fiel a Jesus, mas nascente na base, em sintonia com o Magistério da Igreja, através dos bispos.

Concluindo, posso afirmar agradecido que a experiência inaugural do meu estágio em Manacapuru, somado à minha profissão perpétua e minha ordenação, no ano seguinte, em muito contribuíram para a pastoral das comunidades rurais que coordenei em Coari de janeiro de 1979 a janeiro 1987.

Nesse ínterim, a febril vibração em torno das CEBS, enquanto designação de um novo renascer de Igreja, permaneceu em mim como a força mobilizadora e presente com mais de 130 comunidades, quando trabalhei em Coari, Am. Sempre acreditando ser uma igreja toda ela ministerial e caminho de transformação da realidade.

Vamos dar graças a Deus e crer na Igreja anunciadora do Reino! Vamos nos posicionar dentro do movimento sinodal do Papa Francisco e aceitar uma ecologia integral por amor à Casa Comum, em favor da vida em plenitude, inclusive, por uma governança menos hierárquica e a caminho de uma nova memória eclesial dos primeiros dois séculos do Movimento de Jesus, antes das concessões de poder patrocinado pelo imperador Constantino.

Bendizer ao Senhor da messe que além de chamar mais missionários para este mundo ferido, tornar a Congregação Redentorista o Sacramento visível do Reino no anúncio da Boa Nova aos mais abandonados e continuadores da obra de Afonso e Clemente.

Leigos e Leigas Redentoristas como Missionários da Esperança, continuando os passos do Redentor!

(NP)