O MANUCA DO MARAPATÁ FALA DAS MADEIRAS E OS MITOS DESTA ILHA RUMO A UM TEMPO NOVO DA TERRA
- peixotonelson
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COP 30 - UMA NOVA OPORTUNIDADE
O amigo Manuca ao falar de suas histórias de rio, margens e ilhas, lagos e mistérios, fez-me pesquisar sobre um famoso lugar do passado distante e de um presente admirável e poético: Trata-se da Ilha do Marapatá, que se situa perto da desembocadura do Rio Negro, testemunhada pelo Encontro das Águas, deste velho rio ácido, cor de chá, com o Rio Solimões dos barrancos caídos, quando passa a se chamar Rio Amazonas, para prosseguir seu percurso até perder-se no mar.
A Ilha do Marapatá, em Manaus, AM, é uma formação de terra, localizada ainda no Rio Negro que, pelos antigos aventureiros e navegadores era considerada a "porta de entrada" da cidade. Tinha uma beleza natural na estiagem do rio, porém ficava, inteiramente submersa, durante a cheia.

O nosso Manuca, conta que nasceu na Ilha e, por lá, trabalhou numa fábrica de compensados. Sua fala está cheia de mistérios e até contradições, pois, para ele, a ilha que tem em sua mente de idoso, parece ser um continente povoado e, milagrosamente, resistente às intempéries e às fantasias de muitos. Para ele, uma empresa de madeiras, onde consumiu suas forças, carregando toras de madeira para as máquinas, tal como uma descamadeira, cujos cortes com uma cola fedida, gerava as placas de compensados.
Geologicamente, os estudos apontam uma falha das placas rochosas, sobre à qual a ilha se formou, à beira de um abismo, ou seja, com uma estrutura que influencia todo o sistema fluvial na região. Porém, aqui pouco nos interessa explicar essa falha geológica. Nosso foco pode parecer mítico que vem das gerações passadas, desde as explicações dos indígenas Manaós, passando pelos exploradores que, antes de aportar na cidade de Manaus, faziam sua parada para deixar sua vergonha e seguir sua viagem até chegar à cidade para o desfrute perverso das belezas, que vão desde o saque das riquezas ao estupro das mulheres nativas (?)... (Cfr. Lenda -Mito da Iha do Marapatá, recolhido por Mário Ypiranga Monteiro).

O idoso que se encontrou comigo, dizendo-se conhecedor da Ilha do Marapatá, despertou em mim, a curiosidade histórica pela qual fui em busca. No Jornal de Folclore de 5 de outubro de 1963, Ano 1, nº 10, encontramos que a ilha "era a única porta de entrada da cidade de Manaus, claro, isso antes da existência de estradas e aviões. Desde os tempos coloniais, foi sempre parada obrigatória dos barcos. Reza a lenda, que o forasteiro deixava lá sua vergonha, o que lhe permitia entrar na cidade sem qualquer freio moral. E aí valia tudo. Após fazer fortuna por meios ilícitos, ia embora do Amazonas. O barco dava outra paradinha para que, já rico, recolhesse a honra, ali deixada, e recuperasse a decência e a honestidade."
O Manuca contou que no tempo da exploração de madeira nobre das matas amazônicas, jangadas imensas aportavam na ilha à espera do corte nas serrarias. Vinham de longe, rebocadas e cortando os rios para ancorarem na ilha e ali ficarem á espera do destino fatal. Assim aconteceu com o desmatamento, pondo em risco a biodiversidade. O que esperar da COP 30?

Apesar da barbárie, serviam para a construção das casas dos pobres, o que podemos até dizer que assim, o crime do desmatamento recebia sua redenção. Consideramos que o último suspiro da vida das árvores acontecia quando da subida das toras de madeira. Os troncos puxados por correntes e o som estridente das lâminas cortantes pareciam o réquiem choroso, cantando a morte das árvores centenárias.
Agradeço ao Manuca que me oportunizou conhecer e desvendar, em parte, o mistério e conhecer as histórias da Ilha do Marapatá, que serviu de tomada de consciência ecológica, e até de música com letras nativas, também cantadas por Lucilene Castro. (Marapatá, Porta de Manaus - Autoria do paraense Nilson Chaves - 1996).
Acesse a música cantada pelo autor - via Youtube:
HOMENAGEM A COP 30, SENDO REALIZADA PARA SALVAR A NOSSA CASA COMUM E POR UMA ÉTICA SOCIAL QUE GARANTA TERRA, TRABALHO E TETO PARA TODOS!
Nelson Peixoto, Manaus, 09 de novembro de 2025











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